terça-feira, 29 de julho de 2025

Monitorização dos ninhos de Cagarra no âmbito do projeto STOP Predators








Durante alguns dias de trabalho no âmbito do projeto STOP Predators, foi possível visitar e apoiar as atividades de monitorização num dos locais de nidificação da Cagarra (Calonectris borealis).
Coordenado pela SPEA, o projeto visa avaliar e mitigar o impacto de predadores introduzidos – como gatos e ratos – nas colónias de aves marinhas, através de sistemas de vigilância remota e ações de conservação direcionadas. 

Câmaras de vigilância são instaladas nas proximidades dos ninhos, permitindo recolher informações cruciais sobre a atividade noturna e outros distúrbios dificilmente detetáveis por observação direta. 
Estas câmaras exigem manutenção regular: verificar o posicionamento, substituir baterias descarregadas, verifica se o equipamento não sofreu danos devido à humidade ou ao vento, e descarregar as gravações para posterior análise. 
As imagens são analisadas para detetar sinais de predação ou perturbação, contribuindo para compreender os fatores que afetam o sucesso reprodutivo. 




O local, embora situado numa área natural de grande valor ecológico, apresenta acesso difícil. O trajeto até à colónia atravessa terreno instável e exposto, o que requer planeamento logístico cuidadoso. No entanto, este isolamento relativo proporciona também condições favoráveis à nidificação, com menor perturbação humana. 

A espécie em foco, a cagarra, é uma ave marinha pelágica que nidifica exclusivamente em ilhas oceânicas. Todos os anos, cada casal põe apenas um ovo, geralmente em cavidades ou fendas entre rochas. Durante a fase de crescimento do juvenil, ambos os progenitores alternam-se na alimentação, percorrendo grandes distâncias no mar para procurar alimento. Apesar de estar atualmente classificada como de preocupação mínima a nível global, enfrenta ameaças locais significativas, como predação por mamíferos invasores, poluição luminosa e perturbações humanas nas fases mais sensíveis da reprodução. 



A experiência permitiu observar de perto alguns dos aspetos centrais do trabalho de conservação em ambientes insulares. A monitorização por câmara revela-se uma ferramenta fundamental para recolher dados fiáveis com impacto mínimo na fauna.

English version

During a few working days within the STOP Predators project, it was possible to visit and support monitoring activities at one of the breeding sites of the Cory’s shearwater (Calonectris borealis). Coordinated by SPEA, the project aims to assess and mitigate the impact of introduced predators – such as cats and rats – on seabird colonies through remote surveillance systems and targeted conservation actions.

Camera traps are installed near the nests to gather key information on nocturnal activity or disturbances that are difficult to detect through direct observation. These devices require regular maintenance: checking the correct positioning and battery levels, check that the equipment hasn’t been damaged by humidity or wind, and downloading footage for later analysis. Recordings are reviewed to detect any signs of predation or disturbance and help understand the threats affecting breeding success.

The site, although located in a valuable natural area, is not easily accessible. Reaching the colony involves traversing exposed and unstable terrain, which requires careful logistical planning. However, this relative isolation also offers favourable conditions for undisturbed breeding.

The monitored species, the Cory’s shearwater, is a pelagic seabird that breeds exclusively on oceanic islands. Each year, the pair lays a single egg inside cavities or rocky crevices. During the chick-rearing phase, both parents alternate in provisioning, travelling long distances over open sea to gather fish and squid. While globally listed as Least Concern, the species faces local threats, particularly from invasive mammals, artificial lighting, and human activity that may affect the most sensitive breeding stages.

The experience provided valuable insight into the core aspects of conservation work in island environments. Camera monitoring proves to be a crucial tool for collecting reliable data while minimizing disturbance to wildlife.


Valeria Basciu

segunda-feira, 28 de julho de 2025

Um mês com as aves: o meu estágio na SPEA



Olá! Chamo-me Salvador, sou do Funchal e vou estagiar um mês na SPEA. Atualmente estou no 1.º ano da licenciatura em Biologia na Universidade da Madeira e, sempre tive uma ligação muito forte com a natureza, especialmente com os animais. Escolher Biologia foi uma decisão natural, e esta oportunidade surge como uma forma de sair da teoria e pôr as mãos na massa.
Durante este estágio vou colaborar no projeto LIFE Natura@nightque tem como objetivo avaliar o impacto da poluição luminosa nas aves, ajudando a proteger espécies sensíveis como as aves marinhas. Entre outras tarefas, vou poder apoiar na monitorização das colónias de cagarras e participar na instalação de GPS em alguns indivíduos, uma atividade que me deixa especialmente curioso. Além disso, também vou ajudar na atividade "Jardins com Vida", que divulga a importância de espaços verdes nas cidades e explora o jardim como fonte de aprendizagens. 
Estou motivado para o que aí vem. Será um mês cheio de aprendizagens, desafios e novas experiências. 





ENG


Hello! My name is Salvador, I'm from Funchal, and I'll be interning for a month at SPEA. I'm currently in the first year of my Biology degree at the University of Madeira and have always had a strong connection with nature, especially animals. Choosing Biology was a natural decision, and this opportunity presents itself as a way to move beyond theory and get hands-on.
During this internship, I'll be collaborating on the LIFE Natura@night project, which aims to assess the impact of light pollution on birds, helping to protect sensitive species such as seabirds. Among other tasks, I'll be able to assist in the monitoring of Cory's Shearwater colonies and participate in the installation of GPS devices on some individuals, an activity that I'm particularly curious about. I'll also be helping with the "Gardens with Life" activity, which promotes the importance of green spaces in cities and explores gardens as a source of learning.
I'm excited for what's to come. It will be a month full of learning, challenges, and new experiences.




terça-feira, 22 de julho de 2025

Adeus SPEA ✨

 CAT

Hola de nou a tothom!

Soc la Dana, una de les estudiants de l’institut d’ISBN que va realitzar una estada d'un mes a Madeira, d’Erasmus amb SPEA. 

Durant la nostra estada vam participar en diverses tasques relacionades amb dos projectes vigents a SPEA: el projecte STOP PREDATORS i el projecte LIFE NATURA@NIGHT. 

Una part del treball, la vam dur a terme al camp, on vam poder observar de primera mà els mètodes científics que es fan servir per estudiar i protegir la fauna. Una de les activitats que vam poder realitzar de primera mà els 3 primers dies, va ser el mètode captura i recaptura, una tècnica que s'utilitza, en aquest cas, per estimar la mida de la població de rosegadors prop d’una de les colònies d’aus marines monitorades per SPEA. 

Seguidament, vam participar en el seguiment intensiu d'una colònia de Cagarres (Calonectris borealis), durant cinc dies. Aquesta activitat ens va permetre implicar-nos activament en tasques com la localització de nius, la verificació de l'èxit reproductor, la revisió d'equipaments geolocalitzadors actius en algunes d'aquestes aus i la revisió de les aus niades (pesatge, mesurament...). Gràcies a aquests aparells, els investigadors poden conèixer amb precisió les rutes migratòries de les aus i identificar possibles zones de risc, tant en el mar com a terra ferma. També vam col·laborar en la identificació de noves zones de nidificació i en la presa de dades ambientals rellevants per a l'estudi i la conservació de l'espècie.

Finalment, vam participar en algunes tasques més teòriques, com la creació de noves activitats d'educació ambiental relacionades amb els projectes vigents, la introducció de dades per tindre constància de l'observació d'aus en diferents zones de Madeira, la quantitat de col·laboradors que hi participen en aquest recull de dades o l'impacte que tenen els seus projectes a les xarxes socials d'altres entitats col·laboradores.

La veritat us he de dir que ha sigut una experiència total, una experiència que se sortia totalment de la meva zona de confort, he après i he conegut més sobre Madeira i sobre SPEA, tot i que m'hagués agradat fer més treball de camp, per logística no va ser possible, però els moments que vam viure a les muntanyes i el temps que vam passar amb els companys d'SPEA, crec que ens quedaran guardats per sempre.

Muito obrigada!




ENG

Hello again, everyone!

I’m Dana, one of the students from the ISBN high school who took part in a one-month Erasmus placement in Madeira with SPEA.

During our stay, we participated in various tasks related to two ongoing projects at SPEA: the STOP PREDATORS project and the LIFE NATURA@NIGHT project.

Part of our work took place in the field, where we had the opportunity to observe firsthand the scientific methods used to study and protect wildlife. One of the activities we carried out during the first three days was the capture-recapture method, a technique used—in this case—to estimate the size of the rodent population near one of the seabird colonies monitored by SPEA.

After that, we took part in the intensive monitoring of a colony of Cory’s Shearwaters (Calonectris borealis) for five days. This activity allowed us to get actively involved in tasks such as locating nests, checking breeding success, inspecting the geolocation devices attached to some of the birds, and monitoring the nesting birds themselves (weighing, measuring, etc.). Thanks to these devices, researchers can accurately track the birds migratory routes and identify potential risk areas, both at sea and on land. We also contributed to identifying new nesting areas and collecting relevant environmental data to support the study and conservation of the species.

Finally, we also participated in some more theoretical tasks, such as developing new environmental education activities related to the ongoing projects, entering data to record bird observations across different parts of Madeira, tracking the number of collaborators involved in data collection, and evaluating the impact of the projects on the social media platforms of partner organizations.

Honestly, I have to say it’s been a truly unforgettable experience—one that completely pushed me out of my comfort zone. I’ve learned a lot and discovered more about both Madeira and SPEA. Even though I would have liked to do more fieldwork, it wasn’t possible due to logistical reasons. Still, the moments we experienced in the mountains and the time spent with the SPEA team are memories I believe we will carry with us forever.


Muito obrigada!


Adiós, Madeira

Hola de nuevo, soy Alina Sus, la estudiante que pasó con SPEA un mes trabajando en el proyecto Life Natura@Night.

Aquí viene una pequeña recopilación de nuestra estancia;


Hemos participado en dos proyectos; el primero un conteo poblacional de roedores en el que fuimos durante tres días a colocar trampas, marcar y registrar a estos pequeños animales. Allí aprendí a colocar y preparar las ratoneras metálicas y a cómo se marcan. Los sujetábamos con una bolsa de tela, tratando de no herirlos, y les pintábamos la cola con spray. Después los dejábamos libres. Fueron tres días maravillosos en los que recorrimos la montaña y compartimos tiempo con nuestros compañeros de SPEA. Yo aprendí mucho de ellos y pasé un rato muy agradable que nunca olvidaré.


El segundo proyecto consistía en ir a los nidos de las cagarras. Teníamos que comprobarlos, asegurarnos de que un ave hubiera anidado en ellos y ver si habían puesto o no huevos. Esto lo hicimos durante cinco días, por la noche. Fue fascinante escuchar a estas aves, sus graznidos no se parecen en nada a ningún pájaro que yo haya escuchado antes y ver como el sol se ponía lentamente tras las montañas, esperando a que anocheciera sentados en los acantilados fueron unos momentos inolvidables. El mar se extendía a nuestros pies y reflejaba las últimas luces del día. Y cuando ya anochecía nos poníamos en marcha, abriéndonos paso con la luz roja de nuestras linternas entre las rocas.


Para finalizar, el resto del mes estuvimos haciendo trabajo de oficina. No había muchas aves así que ya no podíamos regresar al campo. Hicimos distintas actividades; diseñamos juegos de educación ambiental y ayudamos en la organización de las redes sociales de la agencia. 

Honestamente, esperaba hacer más trabajo de campo que, lamentablemente por temas de logística, no fue posible, pero creo que los momentos en los que estuvimos trabajando en las montañas sí cumplió mis expectativas, pude aprender mucho de mis compañeros y también de la biodiversidad de esta preciosa isla. 


Gracias, SPEA, por esta oportunidad y experiencia que no olvidaré jamás.








sexta-feira, 18 de julho de 2025

Adeus SPEA

Olá todos, uma última vez...

Hoje é o meu último dia de estágio na SPEA, e nem acredito que estes cinco meses passaram tão depressa. Estagiar na SPEA foi uma experiência incrível que me tirou da minha zona de conforto— e ainda bem. Foi uma verdadeira aventura, cheia de aprendizagens, desafios e momentos que me ajudaram a crescer, tanto a nível pessoal como profissional.

Apesar de ter tirado um curso profissional na área de turismo, como guia, foi aqui que percebi com mais clareza que quero seguir Biologia. Este estágio ajudou-me a explorar esta área de uma maneira mais prática e despertou mais o meu interesse pela conservação da natureza. Sinto que foi um passo importante para descobrir o que quero fazer no fututo. 

Mesmo sendo um pouco desajeitada, e ás vezes distraída, tentei sempre dar o meu melhor em todas as tarefas que me foram propostas. Esforcei-me para cumprir tudo com dedicação e responsabilidade. Ainda sinto que tenho muito para melhorar, mas saio daqui com motivação para continuar a aprender.

Tive várias experiências marcantes ao longo deste tempo, mas a ida às Desertas foi, sem dúvida, a mais especial para mim — uma oportunidade única que nunca vou esquecer. Também gostei imenso das atividades de educação ambiental, onde pude aprender e partilhar ao mesmo tempo com as crianças.

Fui muito bem acolhida por todos desde o início, e por isso quero deixar um agradecimento especial a toda equipa. Levo comigo memórias muito boas e um sentimento de gratidão por ter feito parte deste protejo. Obrigada equipa SPEA!


terça-feira, 15 de julho de 2025

Ida às Ilhas Desertas



  Não foi a minha primeira vez nas Ilhas Desertas— em outubro de 2024, já tinha vindo com a min ha turma da universidade para fazer mergulho na reserva. No entanto, fomos surpreendidos pela presença de um lobo marinho no calhau, o que nos impediu de mergulhar. Ainda assim, lanchámos na Deserta Grande e fizeram-nos uma pequena visita guida. Por isso, quando voltei agora pela segunda vez, já estava mais familiarizada com a ilha.





Nas últimas duas semanas, estive novamente na Reserva Natural das Ilhas Desertas, onde aprendi a manusear aves marinhas como as cagarras e as almas-negras. Tive a oportunidade de oexplorar os ninhos e observar o comportamento das aves durante a época de incubação. Na viagem de ida, fomos de catamarã, onde avistamos jangadas de cagarras e algumas almas negras a sobrevoar as ondas. Foi uma viagem relaxante e ainda conseguimos observar golfinhos roazes a passar perto do barco. Ao chegar fomos muito bem recebidos pelos vigilantes do Instituto das Florestas e Conservação da Natureza (IFCN), que foram a nossa companhia desde o momenot que chegamos. Foram super acolhedores e bem dispostos, sempre com histórias de vida interessantes para partilhar. Aproveitei, no meu tempo livre, para acompanha-los na sua busca pelos lobos-marinhos para monitorizar o estado da espécie. 


O nosso trabalho de campo consistiu na procura de ninhos de cagarra e alma-negra bem como na avaliação da sua ocupação. Realizamos também um trabalho chamado plots, que consiste na marcação de pontos em pedras ao longo da costa da ilha, onde tínhamos que procurar ninhos num raio de 10 metros. O objeivo era encontrar 40 dessas marcas — e com sorte encontramos 36! As outras quatro suspeitamos que estavam junto a escarpa, um lugar perigoso já que estavam sempre a cair pequenas pedras.

Também realizámos a colocação de dispositivos GPS e GLS nas cagarras, com o objetivo de monitorizar os seus movimentos no mar e analisar as rotas que percorrem nesta fase da incubação.O GPS permite obter coordenadas exatas e seguir os seus movimentos em detalhe, enquanto o GLS, embora com maior margem de erro nas localizações, mede a interação das aves com fontes de luz externas — como a poluição luminosa, luzes de barcos ou outras estruturas.

 Além disso algumas destas cagarras precisaram de ser anilhadas bem como serem pesadas e tirados os seus comprimentos do bico, da asa e do tarso (que fica abaixo da articulação do joelho e acima dos dedos). Estes animais são anilhados, principalmente para fins de identificação e investigação. Estas anilhas, são normalmente feitas de metal e contêm números de identificação únicos que permitem aos biologos seguir as aves individualmente, monitorizar os seus movimentos e estudar o seu comportamento, tempo de vida e padrões de reprodução. .

O meu estágio na SPEA

Chamo-me Mariana, sou natural do Funchal e durante 1 mês vou estagiar na SPEA. Sou estudante de licenciatura em Biologia na Universidade de Coimbra. Desde sempre tive um grande interesse em animais e plantas e, por isso, escolher biologia foi natural para mim. Neste mês que vou passar na SPEA espero adquirir conhecimentos sobre a conservação de aves marinhas e ganhar também alguma experiência nesta área.

Vou auxiliar em dois projetos, o LIFE Natura@night e o BESTLIFE2030 STOP Predators. O LIFE Natura@night tem como objetivo reduzir a poluição luminosa que afeta as áreas protegidas dos Arquipélagos da Madeira, Açores e Canárias e mitigar o impacto nas espécies protegidas. O BESTLIFE2030 STOP Predators tem como objetivo promover a criação de medidas locais para o controlo e erradicação de espécies introduzidas minimizando os impactos na biodiversidade. No primeiro projeto vou ajudar na implementação de localizadores GPS em cagarras (Calonectris borealis) e garantir o armazenamento de fotos essenciais para um plano de disseminação da poluição luminosa. No segundo projeto vou testar armadilhas de câmaras de visão noturna, ajudar com pesquisa de plantas exóticas e nativas e também com a análise de dados.

Com o crescente aumento de ameaças às aves em Portugal e não só, a SPEA representa um esforço coletivo para tentar mitigar os impactos destas ameaças e, por isso, tem uma grande importância na conservação de espécies. Fazer parte deste projeto é uma honra para mim e estou muito grata.



(English version)

My name is Mariana, I'm from Funchal, and I'll be interning at SPEA for a month. I'm a Biology undergraduate student at the University of Coimbra. I've always had a keen interest in animals and plants, which is why choosing biology was natural for me. During my month at SPEA, I hope to learn about seabird conservation and gain some experience in this area.

I'll be assisting on two projects: LIFE Natura@night and BESTLIFE2030 STOP Predators. LIFE Natura@night aims to reduce light pollution affecting protected areas in the Madeira, Azores, and Canary Islands archipelagos and mitigate the impact on protected species. BESTLIFE2030 STOP Predators aims to promote the creation of local measures to control and eradicate introduced species, minimizing their impact on biodiversity. In the first project, you'll help implement GPS tracking for Cory's shearwater (Calonectris borealis) and ensure the storage of essential photos for a light pollution awareness plan. In the second project, I'll test night vision camera traps, assist with exotic and native plant research and with data analysis.

With the increasing number of threats to birds in Portugal and beyond, SPEA represents a collective effort to mitigate the impacts of these threats and, therefore, plays a crucial role in species conservation. Being part of this project is an honor for me, and I am deeply grateful.

terça-feira, 8 de julho de 2025

O Início da Minha Jornada com a SPEA

 


O meu nome é Valeria, venho da Sardenha e estou atualmente na Madeira ao abrigo do programa Eurodisseia. A minha formação académica em Ciências Naturais e as experiências internacionais no terreno em biodiversidade, agroecologia, educação ambiental e conservação da natureza trouxeram-me até aqui com um forte desejo de contribuir para a conservação das aves marinhas na ilha.

A minha participação neste projeto nasce da vontade de combinar conhecimento científico, comunicação e ação prática para proteger as colónias de aves marinhas e os ecossistemas frágeis que estas representam. Na SPEA Madeira, colaboro no projeto europeu LIFE Natura@night, centrado no estudo e na proteção das colónias de aves marinhas da rede Natura 2000 no arquipélago. Estas colónias, especialmente as de Cagarra (Calonectris borealis), estão sujeitas a várias pressões, como a poluição luminosa, a perturbação humana e as espécies invasoras

O meu trabalho envolve o apoio a levantamentos de campo para caracterização dos locais de nidificação, a participação em campanhas de monitorização e salvamento durante a época de emancipação, bem como a colaboração em ações de educação ambiental e sensibilização pública. Estas ações integram um esforço mais amplo para compreender como a atividade humana afeta o comportamento e a sobrevivência das aves marinhas, e para promover a coexistência através de práticas locais mais conscientes.

Como alguém que cresceu numa ilha, sinto uma ligação profunda com os desafios enfrentados pelos ecossistemas insulares. Desenvolvi uma forte sensibilidade para problemas como a fragmentação de habitats, a pressão do turismo, a presença de espécies exóticas invasoras e os efeitos crescentes das alterações climáticas. Estas pressões afetam frequentemente espécies que nidificam em silêncio, em falésias escondidas ou em ilhéus inacessíveis — aves cuja sobrevivência depende da nossa capacidade de observar, compreender e agir com respeito.

Acredito que a conservação deve ser simultaneamente local e coletiva. Trata-se de escutar a natureza, colaborar entre culturas e transformar a consciência em cuidado. Estar aqui com a SPEA permite-me não só aprofundar o meu conhecimento sobre a conservação das aves marinhas, mas também integrar uma rede mais ampla de pessoas comprometidas com o mesmo objetivo: preservar o delicado equilíbrio entre biodiversidade e presença humana. Estou verdadeiramente grata por fazer parte desta missão.

Tentilhão da Madeira (Fringilla maderensis)


(English version)

Starting My Journey with SPEA

My name is Valeria, I come from Sardinia, and I’m currently in Madeira as part of the Eurodyssey programme. My academic background in Natural Sciences and international field experiences in biodiversity, agroecology, environmental education and nature conservation brought me here with a strong desire to contribute to seabird conservation on the island.

My participation in this project is rooted in a desire to combine scientific knowledge, communication, and hands-on action to protect seabird colonies and the fragile ecosystems they represent. At SPEA Madeira, I contribute to the European project LIFE Natura@night, which focuses on studying and safeguarding seabird colonies in the Natura 2000 network across the archipelago. These colonies, especially those of Cory’s Shearwater, are affected by multiple pressures such as light pollution, human disturbance, and invasive species.

My work involves supporting field surveys to characterize breeding sites, participating in monitoring and rescue campaigns during the fledging season, and collaborating in environmental education and outreach. These actions are part of a broader effort to understand how human activity impacts seabird behavior and survival, and to promote coexistence through better-informed local practices.

As someone who grew up on an island, I feel a deep connection to the challenges faced by insular ecosystems. I have developed a strong sensitivity to the environmental challenges that insular territories face: habitat fragmentation, pressure from tourism, invasive species, and the intensifying effects of climate change. These pressures often affect species that nest in silence, in hidden cliffs or inaccessible islets, birds whose survival depends on our ability to observe, understand, and act respectfully.

I believe that conservation must be both local and collective. It’s about listening to nature, collaborating across cultures, and transforming awareness into care. Being here with SPEA allows me not only to deepen my knowledge about seabird conservation, but also to become part of a wider network of people working for the same goal: preserving the delicate balance between biodiversity and human presence. I’m truly grateful to be part of this mission.