Depois
dum mês na Madeira, consegui ficar admirada e surpresa com sua
natureza e os muitos lugares mágicos desta ilha. Mas essas mesmas
paisagens que atraem a atenção de visitantes de todo o mundo,
muitas vezes são degradados e sua beleza eclipsada pela enorme
quantidade de lixo deixado pelas mesmas pessoas de maneira acidental
ou intencional. Então, hoje quero falar sobre isso precisamente,
sobre o lixo, e mais especificamente sobre o plástico e o
efeito que deixa no mar e sua biodiversidade.
O
80% da poluição marinha tem origem terrestre. No
total, estima-se que anualmente morrem cerca de 1 milhão e
quinhentos mil animais vertebrados devido à ingestão de plástico.
Escovas
de dentes, rolhas de garrafas, isqueiros, ou resíduos da pesca são
alguns dos objectos frequentemente vistos no
estômago das aves encontradas mortas, mas... Como
esses objectos chegam lá? depois de arrastados pelas chuvas, rios e sistemas de esgotos acabam
no mar, onde ventos e correntes oceânicas os espalham por todo o
oceano com
graves consequências na biodiversidade e em todo o Ambiente.
Alem
disso, soube-se
que o plástico nunca se parte, apenas se degrada em fragmentos mais
pequenos que permanecem no ambiente. Conforme a sua densidade, podem
ser encontrados na coluna de água, aumentando o número de espécies
que entram em contacto com ele. Estes fragmentos microscópicos podem
durar séculos, libertam substâncias tóxicas, misturam-se com o
plâncton, e quando são confundidos com alimento causam obstruções
no aparelho digestivo da várias espécies, matando-os ou ferindo-os.
Acabam assim infiltrados em toda a cadeia alimentar oceânica, que
mais tarde irá contaminar alimentos humanos.
Também, há estudos que relacionam os
problemas causados por poluentes orgânicos persistentes em aves
marinhas com a diminuição do sucesso reprodutivo e declínio de
populações destes animais
Outro
exemplo
muito estudado é o do Albatroz-de-Layssan (Phoebastriaimmutabilis) no
Atol de Midway, em o Pacífico Norte. Normalmente estas aves
alimentam-se de crustáceos, lulas, e pequenos peixes perto da
superfície, sendo assim atraídos por estes pequenos objectos de
plástico colorido, confundidos com alimento. Eles podem viajar
centenas de quilómetros para encontrar alimento para a suas crias,
ás que acabam assim com o estômago cheio de plástico, com o trato
digestivo obstruído, até que acabam por morrer à fome.
No nosso caso, na Madeira, existem diferentes caixotes que facilitam a
separação entre os tipos de lixo, de modo que o vidro, papel e
plástico são transportados ao continente e tratados em instalações
de reciclagem. No entanto, muitas pessoas ainda não estão
conscientes da importância de acções tão simples como separar ou
não lançar lixo ao chão,e o resultado é visualmente perceptível
em muitas praias e ribeiras. Contra esta falta de conhecimento, há
campanhas para limpar praias e até para a angariação
de tampas de garrafas, para troca por uma cadeira de rodas.
Por outro lado, depois duma pequena pesquisa na Internet, descobri a
existência do projecto “GoJelly” em que o Observatório Oceânico
da Madeira participa. O
objectivo principal deste projecto é desenvolver, testar e promover
uma solução gelatinosa que processada através de matéria prima
proveniente de alforraras (muitas delas, espécies invasoras e
autênticas pragas), o que pode servir de filtro à poluição de
microplásticos.
Claramente projectos como este podem fazer uma grande ajuda para a invasão do
plástico nos nossos mares e oceanos, mas como eu disse em outros
artigos, pessoalmente acho que é melhor prevenir do que remediar e,
como residente temporária da ilha , quero incentivar as pessoas e a
mim incluída, para estar mais atentos ao efeito que todos os
plásticos que nos cercam podem exercer no meio ambiente.
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After
a month in Madeira, I was amazed and surprised by its nature and the
many magical places of this island. But these same landscapes that
attract the attention of visitors from all over the world are often
degraded and their beauty eclipsed by the huge amount of garbage left
by this same people in an accidental or intentional way. So today I
want to write about it precisely, about the garbage, and more
specifically about the plastic garbage and the effect it makes on the
sea and its biodiversity.
80%
of the marine pollution has terrestrial origin. In total, it is
estimated that about 1.5 million vertebrate animals die each year
because the ingestion of plastic. Toothbrushes, bottle stoppers,
lighters, or fishing wastes are some of the objects often seen inside
the stomachs of seabirds found dead, but ... How
do these objects get there?
after being washed away by rains, rivers and sewage systems. they end
up in the sea, where winds and ocean currents scatter them all over
the ocean with serious consequences on biodiversity and the
environment.
In
addition, it has been learned that plastic never breaks, only
degrades into smaller fragments that remain in the environment.
According to their density, they can be found in the water column,
increasing the number of species that come into contact with it.
These microscopic fragments can stay for centuries, releasing toxic
substances, mixing with plankton, and when they are confused with
food they cause obstructions in the digestive tract of various
species of animals, killing or injuring them. In this way, they end
up infiltrating the entire oceanic food chain, which will later
contaminate human food. Also, there are studies that relate the
problems caused by persistent organic pollutants in seabirds with the
decrease of the reproductive success and the decline of populations
of these animals
Another
well-studied example is the Layssan Albatross
(Phoebastriaimmutabilis) in the Midway Atoll in the North Pacific.
Usually these birds feed with crustaceans, squids, and small fish
near the surface, so they used to be attracted by these small colored
plastic objects, confused with food. They can travel hundreds of
miles to find food for their offspring, which then end up with a
plastic-filled stomach with a clogged digestive tract until they
starve to death.
In
our case, in Madeira, there are different trash bins that facilitate
the separation of types of waste, so that glass, paper and plastic
are transported to the mainland and treated in recycling centers.
However, many people are still not aware of the importance of some
actions as simple as separating or not or even throwing garbage to
the ground, but the result is visually noticeable on many beaches and
streams of the island. Against this lack of knowledge, there are
campaigns to clean beaches and even for the collection of bottle caps
to exchange them for a wheelchair.
On
the other hand, after a little research on Internet, I discovered the
existence of the "GoJelly" project, in which Madeira Ocean
Observatory participates. The main objective of this project is to
develop, test and promote a gelatinous solution that is processed
through jellyfish (many of them invasive species and authentic
pests), which can serve as a filter for microplastic pollution.
Clearly
projects like this can be a big help for the invasion of plastic in
our seas and oceans, but as I said in other articles, personally I
think it is better to be safe than sorry and, as a temporary resident
of the island, I want to encourage people and myself, to be more
attentive to the effect that all the plastics that surround us can
exert on the environment.
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