quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Importância da agricultura para aves

Monocultivo de bananeras em Canárias.
Os sistemas agrícolas tradicionais tem um alto valor biológico em muitas regiões do mundo e como resultado de miles de anos de expansão agrícola, a preservação dum grande número de espécies depende hoje de terras dedicadas na Produção de alimentos. Porém, durante as últimas décadas, os câmbios socioeconómicos e o desenvolvimento tecnológico da agricultura ter feito uma forte pressão sobre estos sistemas, genreando uma grave ameaça para as espécies que os ocupam devido a um processo a grande escala de intensificação e abandono.

De acordo com dados do Esquema Pan-Europeu de Monitorização de Aves Comuns, as aves de zonas agrícolas constituem na atualidade um dos grupos de aves mais ameaçados na Europa, atingindo o nível mais baixo desde 1980, com uma redução na ordem dos 48%.

Os ecossistemas agrícolas resultam da transformação de um sistema natural preexistente. Resultam principalmente da floresta primitiva, mas também da drenagem de zonas húmidas.
As comunidades de aves destes sistemas são constituídas por um pequeno número de espécie típicas das parcelas agrícolas, normalmente muito abundantes, e por uma percentagem variável de espécies com origem no sistema primitivo, normalmente menos abundante. Estas últimas acorrem em estruturas reminiscentes do habitat primitivo existindo nos mosaicos agrícolas como as sebe, linhas de árvore, bosquetes, charcas, canais e ribeiras.
Os sistemas agrícolas fornecem quatro fontes principais de alimento para as aves: invertebrados, partes vegetativas das plantas, sementes e frutos. A maioria das espécies de aves destes sistemas apresenta uma dieta mista ou variável.

Quase todas as espécies granívoras alimentam os seus juvenis com invertebrados durante a Primavera e Verão e as espécies insectívoras durante a maior parte do ano, alimentam-se de frutos durante o Outono. A disponibilidade de alimento é claramente sazonal e é fortemente influenciada pelos trabalhos agrícolas. Deste modo, também as diferenças regionais e a evolução das práticas e métodos de cultivo afeta a disponibilidade de alimento para as aves e as espécies dependentes de habitats agrícolas são obrigadas a deslocações permanentes em busca de alimento, muitas vezes efémeros.
Nidificar em habitats agrícolas também não é fácil. Os ninhos encontram-se no solo, ou muito perto do solo, e relativamente desprotegidos, sendo muito vulneráveis à predação por cães, gatos e animais selvagens. Os ninhos são também muito vulneráveis à destruição pelos trabalhos agrícolas e pelo pisoteio do gado.
Estes fatores tornam as aves dos meios agrícolas e pastoris particularmente vulneráveis e dependentes da atividades do agricultor.


Cultivos abandonados.

Problemas meio ambientais
Os ecossistemas agrícolas representam a maior parte da superfície de Europa, e são muito importantes para a conservação do património natural. Os problemas ambientais passam por situações muito graves de erosão salinização, contaminação de solos e aquíferos, e de perde acelerada de biodiversidade causada pelo favorecimento das monoculturas, em detrimento das rotações tradicionais, e o arranque das sebes e bosque, o crescente uso de sistemas mecanizados no campo, o uso de pesticidas e fertilizantes, o aumento de tamanho das parcelas e de monocultivos.
Com isto, populações de aves dependentes dos sistemas agrícolas enfrentam um decréscimo populacional médio de 30% desde de 1980.

Até o final do seculo passado a Política Agrícola Comum (PAC) favorecia exclusivamente a agricultura intensiva, com recurso a elevadas quantidades de água, de adubos inorgânicos e de fito fármacos. Dezenas de anos de agricultura intensiva originaram problemas na qualidade dos produtos alimentares e na qualidade do ambiente nos meios rurais, em muitas regiões da União Europeia.
Paisagem agrícola das Canarias
Agora, na segunda metade do seculo XX, quando a economias de Canarias cambiara a um modelo basado no turismo, estos valiosos sistemas, devido a sua falta de rentabilidade, estão sofrendo processos tanto de intensificação como de abandono, com a consequente perdida de qualidade como habitat e a descenso das populações de aves ligadas a estos ambientes.

Por isso, as políticas ambientais tem de orientar-se para contribuir ao mantimento dos agro-sistemas de maior valor e ao fomento de práticas agrarias compatíveis com la conservação da biodiversidade.
Se os impactos negativos de estos processos não são atendidos a tempo, os sistemas agrícolas serão reduzidos e sofrerão um maior deterioro, incrementado o número de espécie ameaçadas. Na atualidade, o 80% de espécies que dependem de estos ambientes na Europa apresentam um estado de conservação desfavorável.



A capacidade de frenar e reverter os efeitos na biodiversidade dos sistemas agrícolas dependerá das políticas da União Europeia, dos estados, as demandas dos mercados e do câmbio de mentalidade nas pessoas e suas ações. 

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