O fura-bardos (Accipiter nisus granti) é uma ave de rapina diurna própria de ambientes florestais. Constrói os ninhos em árvores e também pode ser observado próximo de campos agrícolas para caçar. A ação D5 do projeto LIFE Fura-bardos tem como objetivo conhecer a distribuição e abundáncia da população desta rapina na ilha de Madeira. Assim, o trabalho de campo é um aspeto fundamental: levadas, veredas epequenos trilhos permitem chegar até manchas de floresta onde a subespécie endémica constrói os ninhos e se alimenta durante a época de reprodução. Também antigos patamares agrícolas agora abandonados, podem ser espaços ótimos para o fura-bardos.
O meu objetivo neste artigo é descrever diferentes habitats presentes na ilha da Madeira, as principais espécies vegetais que podemos encontrar, a traves dos diferentes percursos que realizei com a equipa da SPEA Madeira no meu estágio.
A cuberta vegetal representa o 78% da área total de Madeira, tres quartos do territorio. Nesta porcentajem encontramos masas florestais, matos e plantas herbáceas, também espaços improdutivos como campos agrícolas abandonados. O 45% da masas florestal é floresta natural: a laurissilva. O resto é representado por floresta cultivada e exótica como eucaliptos (Eucalyptus sp.), pinheiro-bravo (Pinus pinaster), acácias (Acacia sp.) ou castinheiros (Castanea sativa). (Direcção Regional das Florestas, 2008). Estes dados oferecem uma visão da importância que tenhem as diferentes comunidades vexetais na ilha.
Estas comunidades poden-se enquadrar entres grandes grupos:
- Uma vegetação florestal indígena, representada pela laurissilva.
- Vegetação associada à presença humana, quer campos agrícolas quer espéciesexóticas .
-Floresta mixta com espécies indígenas ou nativase espécies exóticas.
Laurissilva
As áreas de Chão da ribera (Seixal), Ginjas e Ponta Delgada (São Vicente) ou Ribeiro
Frío (Santana) forom áreas percorridas ao longo de todos estes meses de
trabalho, uma oportunidade para observar a beleza única de uma paisagem que
pertence ao patrimonio natural da ilha: a laurissilva.
O til (Ocotea foetens) é uma das espécies mais representativas e
emblemáticas deste ecossistema, atinguindo dimensões espetaculares: 37 m de
altura e até 14 de perímetro. Na Macaronésia, o til está naturalmente representado
na ilha da Madeira e nas Canárias, sendo introduzido nos Açores. As suas
folhas são coriáceas, verde-escuras
(quando envelhecem algumas passam a vermelhas ou, menos frequentemente, a
alaranjadas ou amareladas) e brilhantes. Quando a planta é muito jovem pódesse
observar perfectamente a nervadura do caule. As inflorescências são
constituídas por pequenas flores branco-esverdeadas a amareladas. O seu fruto é
uma baga verde e preta quando madura.
O azevinho (Ilex perado perado), também conhecido como perado, é outra
subespécie endémica da Madeira. É uma pequena árvore sempre verde, normalmente
associada à laurissilva de til, que habita em terras mais altas. As flores são
pequeninas e pouco vistosas, ao contrário dos frutos vermelhos que o tornam
muito atractivo no Inverno (Barone, 2007). As folhas coriáceas tenhem as
margens sem espinhos salientes, o contrario que ocorre com outras espécies do
género Ilex (Ilex aquifolium -azevinho europeu-).
As
Ginjas e a levada Fajã do Rodrigues representam uma oportunidade para conhecer
uma das plantas herbáceas mais bonitas da ilha: a orquídea da serra (Dactylorhiza
foliosa). Os caules erectos e as grandes folhas lanceoladas,
características do género Dactylorhiza. As
suas inflorescências aparecem na parte mais apical do caule, com color
rosa-pálido ou mesmo branco. É uma planta comum que vive na laurissilva e
floresce desde finais da primavera até o mes de agosto.
O folhado (Clethra arborea) e o vinhatico (Persea indica) também aparecem na laurissilva de til e loureiro (Larus novocanariensis) e a Ponta Delgada é um bom lugar para isso.
O folhado tem distribuição natural restrita à ilha da Madeira, pode chegar até os 10 m e é perenifólia. O pecíolo é curto e avermelhado, as follas aserradas nos margens e pubescente na página inferior.
O vinhático é endémico da macaronésia, estando presente em Madeira, Açores e Canárias. É uma árvore, também perenifólia, de maior tamanho que o folhado. As folhas são glabras, sem margens serrados, com os pecíolo avermelhado e toda a folha fica vermelha quando envelhece, o que lhe dá um aspecto muito bonito. A sua madeira tem sido muito apreciada tradicionalmente no fabrico de mobiliário.
Outras
das árvores mais emblemáticas da laurissilva é o loureiro (Larus novocanariensis).
Pertence as comunidades forestais de laurissilva de til e barbusano (Apollonia barbujana). Até 20 metros de
altura, é uma árvore perenifólia de copa bastante densa e folhas coriáceas, com
um cheiro fácilmente reconhecível. Junto ao til, o barbusano e o vinhático são
os representantes das lauráceas, a familiabotánica dominante da laurissilva. Na
ilhas existe uma espécie de fungo chamado madre
louro (Lauro basidiumlauri), que
vive como parasita sobre o loureiro. Aparece sob o tronco e tradicionalmente
foi usado para fazer chás e curar os resfriamentos e “fazer bem a tudo”
(Freitas & Mateus, 2013).
O folhado (Clethra arborea) e o vinhatico (Persea indica) também aparecem na laurissilva de til e loureiro (Larus novocanariensis) e a Ponta Delgada é um bom lugar para isso.
O folhado tem distribuição natural restrita à ilha da Madeira, pode chegar até os 10 m e é perenifólia. O pecíolo é curto e avermelhado, as follas aserradas nos margens e pubescente na página inferior.
O vinhático é endémico da macaronésia, estando presente em Madeira, Açores e Canárias. É uma árvore, também perenifólia, de maior tamanho que o folhado. As folhas são glabras, sem margens serrados, com os pecíolo avermelhado e toda a folha fica vermelha quando envelhece, o que lhe dá um aspecto muito bonito. A sua madeira tem sido muito apreciada tradicionalmente no fabrico de mobiliário.
Folhado |
Vinhático |
Floresta exótica
Todas as espécies deste grupo são
espécies naturais de outros países, o término exótico é o oposto a indígena.
Algumas delas tenhem alta capacidade reprodutiva, alta capacidade
de dispersão, alta resistência e versatilidade adaptativa face a mudanças
ambientais e então converten-se num problema porque proliferam sem controle e
passam a representar uma ameaça para espécies nativas, a ocupar o seu
espaço ecológico, e para o equilíbrio natural dos ecossistemas, tornando-se
uma espécie invasora.
Fonte: 2º Inventário Florestal da Região Autónoma da Madeira |
Assim, as zonas da Choupana (Funchal), Jardim da Serra ou Prazeres pertencem a este grupo vegetal.
Floresta Mixta
Por último encontramos áreas intermédias, com espécies indígenas e também
exóticas.
A levada do Norte tem uma vegetação exótica e mista mas é possivel observar o piorno (Genista tenera), um matos endémicos da ilha como o massaroco (Echium nervosum) ou a estreleira (Argyranthemum pinnatifidum). Arbusto perene que habita escarpas rochosas expostas, desde 0 até 1700 m de altura. E muito similar à giesta (Cytisusscoparius) mas esta última é uma espécie exótica invasora, a caule do piorno é lisa e não presenta a nervadura da xesta.
Bibliografía:
- Direcção Regional das Florestas
(2008). 2.º Inventário Florestal da Região Autónoma da Madeira.Secretaria Regional
do Ambiente. Funchal.
- Barone, R (2007). La flora
endémica delarchipiélago de Madeira, unpatrimonio único.
- Freitas, F., Mateus,
M. G. (2013). Plantas e seus usos tradicionais - Freguesía de Fajã da Ovelha.Direção Regional de Agricultura e Desenvolvimento
Rural. Funchal.
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