Quais são
as principais ameaças às aves marinhas? 🎣🐱💡
Sabia que
continua a haver caça ilegal de cagarra? 🚫
Como resultado dos seus hábitos
noturnos em terra e orientação pelos padrões estrelares, as aves marinhas
possuem olhos adaptados à visão noturna. Estas características, que lhes
fornecem uma vantagem adaptativa, tornam-nas também mais sensíveis à luz. Como
resultado, as luzes das cidades encadeiam as aves marinhas, desorientando-as.
Os juvenis quando saem dos ninhos, por serem pouco experientes, são atraídos
pela luz artificial e ficam desorientados, caindo entre as cidades e por vezes
colidindo com edifícios, carros ou postes de luz.
A SPEA Madeira, através da Campanha
Salve Uma Ave Marinha, procura minimizar os impactes da luz noturna artificial
nas aves marinhas, sensibilizando a população para a redução da luz e
para o resgate das aves encandeadas. Saiba mais sobre a campanha no facebook da SPEA Madeira ou no grupo Aves Marinhas da Macaronésia, e veja no calendário
quais são as épocas críticas de quedas de aves marinhas, que coincidem com a
saída do ninho dos juvenis destas 8 espécies de aves marinhas, da ordem
Procellariiformes, existentes no Arquipélago da Madeira.
Calendário das datas das saídas dos juvenis dos ninhos. |
Para além da poluição luminosa, as aves marinhas sofrem com outras ameaças:
A captura acidental de aves marinhas
acontece quando estas ficam presas nas artes de pesca. Este é um problema de
conservação a nível global que provoca, apenas em águas europeias, a morte de
cerca de 200.000 aves por ano. Na Madeira, apenas é permitida a pesca em
Palangre, dedicada ao peixe-espada.
As aves marinhas não conseguem adaptar
os seus ritmos biológicos às alterações da temperatura dos oceanos. Com as
alterações climáticas, cada vez é mais difícil para estas aves encontrar
alimento para as suas crias.
A poluição é uma das maiores ameaças,
chegando anualmente 8 milhões de toneladas de plástico ao oceano. Os efeitos
são muito negativos para toda a vida selvagem e para os ecossistemas marinhos,
com um milhão de aves marinhas a morrer, todos os anos, devido à poluição por
plástico.
Sozinhas
ou em bando, milhares de aves voam todos os anos para a Madeira. Aqui passam o
período mais importante das suas vidas, o da reprodução. O ambiente insular é o
destino perfeito para a nidificação, mas com a chegada do Homem e a introdução
de novas espécies, o equilíbrio natural sofreu alterações e as colónias ficaram
expostas a novos perigos. Encontrar um local seguro e abrigado para fazer
ninho, é por isso uma tarefa levada muito a sério: dela depende a sobrevivência
dos ovos e dos filhotes recém-nascidos, presas indefesas de predadores como o
rato, o murganho, a cabra ou o gato silvestre. Os ninhos normalmente
localizados em cavidades naturais ou em buracos escavados no solo são, muitas
vezes, ameaçados por plantas exóticas invasoras.
Principais ameaças às aves marinhas. |
A cagarra faz o ninho em cavidades
naturais, como fendas nas rochas ou sob amontoados de pedras, ou podem ser
escavados no solo. Põem apenas um ovo, e ambos os progenitores cuidam da cria,
fazendo muitas vezes longas viagens pelo mar, em busca de alimento. Apesar de
viverem mais de 30 anos, o facto de porem apenas um ovo e de levarem tanto
tempo a atingir a idade reprodutora faz com que a espécie seja muito vulnerável
a ameaças como a predação por espécies invasoras, as capturas acidentais na
pesca, a perda de habitat, a poluição luminosa e, na Madeira, mesmo nos dias de
hoje, ainda sofrem de caça ilegal.
Cagarra adulta no ninho. |
Antigamente, em 1964, a caça da
cagarra na região era muito recorrente, devido à falta de alimento, esta era
muito procurada pela população em geral durante os meses de setembro a outubro
de cada ano, ou seja, no fim da época de reprodução (quando os juvenis
apresentam mais gordura armazenada) eram organizadas várias expedições às ilhas
Selvagens com o intuito de capturar o maior número possível de juvenis. A
última expedição ocorreu a 15 de setembro de 1967 quando Paul Zino proibiu a
caça à cagarra. Em 1976, devido a uma revolução da população, durante um
período de mudança de regime político em Portugal (1974/75) as populações de
cagarra que nidificavam nas ilhas Selvagens, maioritariamente a Selvagem
Grande, foram, de novo, alvo de chacina, dizimando quase toda a população
existente. Desde então a colónia tem tido uma recuperação lenta e graças à
introdução de leis e controlo por parte de vigilância permanente esta apresenta
uma população que está estimada em 29 540 casais (Granadeiro et al. 2006).
A SPEA, durante as suas ações de
monitorização de duas colónias distintas, encontrou vestígios da prática ilegal
de caça de cagarras. Três ganchos foram encontrados junto de ninhos outrora
ocupados.
A SPEA tem
vindo a realizar diversas atividades de sensibilização ambiental relativamente
às aves marinhas e suas ameaças, tendo alguns populares mencionado, por
diversas vezes, que tinham conhecimento da apanha ilegal e consumo de cagarra
atualmente, quer na Madeira, quer no Porto Santo, principalmente pela
comunidade piscatória. Esta ave é retirada do seu ninho utilizando ganchos, para posterior consumo da carne.
À semelhança do controlo e proteção
destas aves marinhas, que ocorre nas Selvagens, é imperativo que haja mais
fiscalização nas colónias e sensibilização à população para o término desta
atividade ilegal na Madeira e Porto Santo.
Ganchos encontrados em colónias de cagarra para a prática ilegal de caça. |
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