No decorrer deste mês tive a oportunidade de colaborar no âmbito do projeto Stop Predators, uma iniciativa destinada a reduzir o impacto dos predadores invasores nos ecossistemas locais. A experiência foi bastante variada, combinando momentos de monitorização direta, observações noturnas e atividades de gestão no terreno.
Uma parte do trabalho foi dedicada à manutenção e ao controlo das câmaras instaladas em diferentes locais da ilha. Estes dispositivos são fundamentais para recolher dados sobre a presença de predadores nas áreas sensíveis. Substituímos as baterias, verificámos a funcionalidade dos cartões de memória e confirmámos o ângulo de captação, garantindo a continuidade das gravações.
Uma atividade particularmente interessante foi o censo noturno de predadores com recurso a um telescópio de infravermelhos. Este instrumento permite observar os animais no escuro absoluto, detetando o calor corporal e possibilitando a identificação de diferentes espécies sem recorrer a fontes de luz artificial.
As saídas realizaram-se em várias áreas da ilha, muitas vezes com vento forte que tornava exigente o trabalho noturno. Apesar disso, as observações foram ricas e variadas: entre os predadores registados estavam furões, gatos, coelhos e ratos.
A principal atividade do mês foi a colocação de armadilhas para ratos e formigas. As armadilhas para ratos foram preparadas com iscos alimentares e com algodão embebido em água, uma medida pensada para reduzir o stress e evitar a mortalidade dos animais capturados. As armadilhas para formigas tiveram, por sua vez, um papel mais ligado à deteção da sua presença e ao acompanhamento da pressão que exercem sobre o ambiente.
No dia seguinte à instalação, todas as armadilhas foram verificadas. Os indivíduos capturados, em particular os ratos, eram marcados de forma não invasiva para permitir o seu reconhecimento em caso de recaptura. Paralelamente registava-se a eventual presença de lagartos ou de outros animais capturados acidentalmente, bem como a ativação das armadilhas pelas formigas. Ao fim do dia, as armadilhas eram recolocadas, prosseguindo a recolha de dados no dia seguinte.
Durante o terceiro e último dia de monitorização, procedeu-se a uma nova verificação das armadilhas, destacando a presença de indivíduos já marcados em comparação com os novos. Este passo é fundamental, pois permite estimar a abundância da população através do chamado método de captura–marcação–recaptura. De forma simples, a comparação entre o número de animais marcados recapturados e o dos novos indivíduos fornece uma indicação da densidade e da distribuição dos predadores na área.
A experiência deste mês no projeto Stop Predators foi extremamente formativa: não só adquiri novas competências práticas no uso de instrumentos como o telescópio de infravermelhos e as armadilhas ecológicas, mas também pude observar de perto as dinâmicas das populações de predadores e a importância de uma monitorização constante para a proteção da biodiversidade local.
English version
During this month, I had the opportunity to collaborate on the Stop Predators project, an initiative aimed at reducing the impact of invasive predators on local ecosystems. The experience was very diverse, combining moments of direct monitoring, night observations, and on-the-ground management activities.
Part of the work was dedicated to maintaining and checking the cameras installed in different sites around the island. These devices are essential for collecting data on predator presence in sensitive areas. We replaced the batteries, checked the functionality of memory cards, and ensured the cameras’ angles were correct, guaranteeing continuous recordings.
One particularly interesting activity was the night census of predators using an infrared telescope. This tool allows animals to be observed in total darkness by detecting body heat, making it possible to identify different species without disturbing them with artificial light.
The field sessions took place in various parts of the island, often with strong winds that made nighttime work more challenging. Nevertheless, the observations were rich and varied: among the predators recorded were ferrets, cats, rabbits, and mice.
The main activity of the month was setting up traps for mice and ants. The mouse traps were prepared with food bait and cotton soaked in water, a measure designed to reduce stress and prevent the mortality of captured animals. The ant traps, on the other hand, were more focused on detecting their presence and monitoring the pressure they exert on the environment.
The day after installation, all traps were checked. The captured individuals, especially mice, were marked in a non-invasive way so they could be recognized in case of recapture. At the same time, we recorded any accidental captures of lizards or other animals, as well as trap activations caused by ants. In the evening, the traps were reset, allowing data collection to continue the following day.
On the third and final day of monitoring, a new check of the traps was carried out, highlighting the presence of previously marked individuals compared to new ones. This step is crucial, as it makes it possible to estimate population abundance through the so-called capture–mark–recapture method. Put simply, comparing the number of recaptured marked animals with that of new individuals provides an indication of the density and distribution of predators in the area.
This month’s experience within the Stop Predators project has been extremely valuable: not only I acquired new practical skills in using tools such as the infrared telescope and ecological traps, but I was also able to closely observe predator population dynamics and the importance of constant monitoring for the protection of local biodiversity.
Valeria Basciu
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