Nos meses de julho e agosto, colaborei ativamente nas atividades de educação ambiental organizadas pela SPEA, dirigidas a um público diversificado, desde jovens e famílias até adultos e seniores. O principal objetivo destas iniciativas foi promover a consciência sobre a biodiversidade e os principais fatores de pressão sobre os ecossistemas locais, combinando informação científica e atividades práticas. Durante os encontros, a atenção foi direcionada em particular para a biodiversidade noturna e os efeitos da poluição luminosa. Explorámos o papel da luz artificial nos ecossistemas e nas espécies noturnas, como morcegos e mariposas, bem como nas aves marinhas, como a cagarra (Calonectris borealis) e outras espécies endémicas como a alma-negra (Bulweria bulwerii). As atividades incluíram momentos de observação com instrumentos óticos, como lupas e telescópios, acompanhados de explicações sobre estratégias de iluminação sustentável e boas práticas de gestão da luz exterior.
Do ponto de vista técnico, destacou-se como a luz artificial influencia profundamente a fauna noturna. Os morcegos, por exemplo, tendem a evitar áreas excessivamente iluminadas, reduzindo assim as oportunidades de caça e de deslocação; ao mesmo tempo, a acumulação de insetos atraídos pelas luzes artificiais pode alterar as dinâmicas de predação e a disponibilidade de recursos. As mariposas e outros insetos noturnos, fundamentais para a polinização, revelam-se particularmente vulneráveis: desorientados pela iluminação artificial, reduzem a sua eficácia reprodutiva e migratória, com consequências em cascata para todo o ecossistema.
No caso das aves marinhas, o impacto é ainda mais evidente. A cagarra tal como outras espécies nidificantes nas ilhas atlânticas, estão fortemente ameaçadas pela poluição luminosa: os juvenis recém-voados são atraídos pelas luzes costeiras, correndo o risco de colisões com infraestruturas ou de ficarem presos em áreas urbanas. A SPEA documentou que, todos os anos, centenas de indivíduos são resgatados graças a campanhas de sensibilização e monitorização ativa. Este fenómeno, conhecido como fallout, representa uma das principais causas de mortalidade para as aves marinhas em zonas densamente iluminadas.
Paralelamente, as atividades também sensibilizaram para a proteção da biodiversidade insular, com oficinas e jogos educativos destinados a famílias e crianças, concebidos para transmitir a riqueza ecológica dos ecossistemas marinhos e terrestres, as principais ameaças (como espécies invasoras ou a degradação dos habitats) e as ações concretas para a sua conservação. As sessões foram projetadas para estimular a participação ativa de diferentes faixas etárias, promovendo a transmissão de conhecimentos científicos e de comportamentos responsáveis em relação ao ambiente.
Estas experiências contribuíram para reforçar a eficácia das iniciativas, aumentando a consciência dos participantes sobre os vínculos entre ações quotidianas e a proteção da natureza, evidenciando como mesmo pequenas mudanças nos hábitos, como reduzir o uso de luzes exteriores ou orientá-las corretamente, podem ter um impacto significativo na conservação da biodiversidade noturna. O envolvimento das novas gerações revelou-se essencial: sensibilizar crianças e jovens significa investir em cidadãos mais conscientes e responsáveis, capazes de traduzir os conhecimentos adquiridos em comportamentos virtuosos e num compromisso concreto e duradouro com a proteção do ambiente.
English version
In July and August, I actively collaborated in environmental education activities organized by SPEA, aimed at a diverse audience ranging from young people and families to adults and seniors. The main goal of these initiatives was to raise awareness about biodiversity and the main pressures on local ecosystems, combining scientific information with practical activities. During the events, special attention was given to nocturnal biodiversity and the effects of light pollution. We explored the role of artificial light on ecosystems and nocturnal species, such as bats and moths, as well as seabirds like the Cory’s shearwater (Calonectris borealis) and other endemic species such as the Bulwer’s petrel (Bulweria bulwerii). The activities included observation sessions with optical instruments such as magnifying glasses and telescopes, supported by explanations on sustainable lighting strategies and best practices for outdoor light management.
From a technical perspective, it was highlighted how artificial light deeply affects nocturnal fauna. Bats, for example, tend to avoid overly lit areas, reducing their opportunities for foraging and movement; at the same time, the accumulation of insects attracted to artificial lights can alter predation dynamics and resource availability. Moths and other nocturnal insects, which are key pollinators, are particularly vulnerable: disoriented by artificial illumination, they decrease their reproductive and migratory effectiveness, with cascading consequences for the entire ecosystem.
For seabirds, the impact is even more evident. The Cory’s shearwater along with other species nesting on Atlantic islands like the Bulwer’s petrel, are strongly threatened by light pollution: fledglings are attracted to coastal lights, risking collisions with infrastructure or becoming trapped in urban environments. Every year, hundreds of individuals are rescued thanks to awareness campaigns and active monitoring. This phenomenon, known as fallout, represents one of the main causes of mortality for seabirds in highly illuminated areas.
At the same time, the activities also raised awareness of the importance of protecting island biodiversity, through workshops and educational games designed for families and children. These were intended to highlight the ecological richness of marine and terrestrial ecosystems, the main threats, such as invasive species or habitat degradation and concrete actions for their protection. The sessions were structured to encourage active participation across different age groups, promoting the transfer of scientific knowledge and responsible behaviors towards the environment.
These experiences helped strengthen the effectiveness of the initiatives, raising participants’ awareness of the links between daily actions and nature conservation, and showing how even small changes in habits, such as reducing the use of outdoor lights or orienting them correctly, can have a significant impact on the conservation of nocturnal biodiversity. In particular, engaging younger generations proved to be essential: raising awareness among children and youth means investing in more conscious and responsible citizens, capable of transforming the knowledge they acquire into virtuous behaviors and a concrete, long-term commitment to environmental protection.
Sem comentários:
Enviar um comentário