quarta-feira, 19 de outubro de 2022

Anilhagem de juvenis


    A equipa da SPEA Madeira continua com os seus trabalhos na colónia de cagarras, desta vez com os juvenis que estão quase prontos para abandonar o ninho pela primeira vez e fazer-se ao mar. Esta colónia escolhida tem vindo a ser estudada nos últimos anos e em 2018 possuía 24 ninhos potenciais, dos quais 8 estavam ocupados. No mês de julho, a nossa equipa encontrou mais de 30 ninhos potenciais onde apenas 10 estavam ocupados, contudo algumas crias terão desaparecido do ninho e o número de juvenis diminuiu.

Juvenil de cagarra (Calonectris borealis)

    A cagarra faz o ninho em cavidades naturais, como fendas nas rochas, ou ainda ninhos que as próprias escavam no solo. Põem apenas um ovo, e ambos os progenitores cuidam da cria, fazendo muitas vezes longas viagens pelo mar, em busca de alimento. Apesar de viver mais de 30 anos, o facto de pôr apenas um ovo e de levarem algum tempo a atingir a idade reprodutora faz com que a espécie seja muito vulnerável a ameaças como a predação por espécies invasoras, as capturas acidentais na pesca, a perda de habitat, caça ilegal e, claro, a poluição luminosa.

    Deste modo uma ótima maneira de poder seguir os juvenis que irão sair agora dos seus ninhos é através da utilização da anilhagem científica. A anilhagem científica é extremamente importante para poder determinar vários parâmetros demográficos, como por exemplo, a longevidade dos indivíduos da espécie, a idade com que começam a reproduzir-se, a taxa de sobrevivência, tamanho e tendência populacionais, entre outras. Para além disso, no caso de aves migradoras, a anilhagem é também muito útil para entender os movimentos migratórios.

Método de anilhagem

    A anilhagem científica consiste na marcação individual das aves através da colocação de uma anilha metálica na pata com um código único, que permite identificar então cada ave anilhada. Estas anilhas têm que estar adaptadas ao diâmetro da pata da espécie e aos habitats que utilizam durante o seu ciclo de vida. No caso das aves marinhas, como a cagarra, as anilhas são geralmente de aço inoxidável para resistir à corrosão causada pelo sal, dado que estas aves passam a maior parte da sua vida no mar e são animais que vivem muitos anos. Após a libertação da ave anilhada é possível identificar este individuo caso possa ser recapturado noutra parte do mundo.

    Com os juvenis da nossa colónia, no processo de captura da ave, é colocada uma anilha na pata direita, e posteriormente é feita a medição dos dados biométricos, nos quais é registado o peso da ave, o tamanho das asas, do bico e dos tarsos, com auxílio de uma régua e uma craveira. A ave é pesada dentro de um saco utilizando uma balança portátil.

    Foi possível realizar a anilhagem de 9 juvenis, de forma rápida e eficaz, e retirar dados biométricos de todos. Agora que já carregam consigo o seu próprio “bilhete de identidade”, esperamos que seja possível avistar estas aves num futuro próximo, tanto a retornar à colónia como primeiros casais reprodutores ou avistadas no mar, saudáveis e a prosperar.


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    The SPEA Madeira team continues its work in the shearwaters’ colony, this time with the juveniles, who are almost ready to leave the nest for the first time and begin to explore the open ocean. This colony has been studied in recent years and in 2018 had 24 potential nests, of which 8 were occupied. In July, our team found more than 30 potential nests where only 10 were occupied, however some chicks had disappeared from the nest and the number of juveniles has decreased.

                                                Juvenil de cagarra (Calonectris borealis)

    The Cory's shearwater makes their nests in natural cavities, such as holes or small caves in the rocks, or even nests digged by themselves in the soil. They lay only one egg, and both parents take care of the chick, often making long journeys across the sea in search of food. Despite living more than 30 years, the fact that it lays only one egg and takes some time to reach the breeding age makes this species very vulnerable to threats such as predation by invasive species, accidental bycatch in fishing, habitat loss, poaching and, of course, light pollution.

    As so, a great way to follow the juveniles that will now leave their nests is through the use of a scientific ringing methodology. Scientific ringing is extremely important as it allows to determine various parameters, such as the longevity of individuals of a species, the age at which they begin to reproduce, the survival rate, size and tendency of the population, among others. In addition, in the case of migratory birds, ringing is also very useful for understanding migratory movements.

                                       Método de anilhagem

    Ringing consists in individual marking of the birds by placing a small metal ring with a unique code on the bird’s foot, which then allows to identify each ringed bird. These rings must be adapted to the diameter of the species' foot and to the habitats they use during their life cycle. In the case of seabirds, such as shearwaters, the rings are usually stainless steel to resist corrosion caused by salt, since these birds spend most of their life at sea and are animals with accentuated longivety. After the release of the ringed bird, it is possible to identify this individual if its recaptured elsewhere in the world.

    With the juveniles within our colony, in the process of capturing the bird, the ring is placed on the right foot and later the biometric data are taken, in which the weight of the bird, the size of the wings, the beak and tarses are recorded, with the aid of a ruler and a stud. The bird is weighed inside a bag using a portable scale.

    We were able to ring 9 juveniles, quickly and effectively, and to take the biometric data from all. Now that they are carrying their own "identity card", we hope that it will be possible to spot these birds in the near future, both returning to the colony as the first breeding pairs or sighted at sea, healthy and thriving.

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