terça-feira, 5 de setembro de 2023

Os líquenes da ilha da Madeira

Os líquenes são uma associação simbiótica entre um organismo fotossintético (fotobionte) -uma alga ou uma cianobactéria- e um fungo (micobionte). Nesta associação simbiótica, o fotobionte produz os hidratos de carbono pelo fungo através da fotossíntese; a partir desses hidratos de carbono, os fungos podem sintetizar as próprias proteínas. Por outro lado, os fungos oferecem proteção as algas, enfrente de condições de luz e temperatura demasiado intensas, e uma maior acessibilidade a água -e por tanto mais resistência à dessecação-. 

Fotografia 1. Líquen crustáceo encontrado perto do Pico do Facho, Madeira. Foto de @Anna Cortés

Os líquenes têm diferentes formas de crescimento dependendo do habitat onde se desenvolvem*: 

  • Líquenes foliáceos: têm um aspeto similar a uma folha ou lâmina
  • Líquenes fruticulosos: formados por filamentos mais ou menos ramificados que parecem barbas
  • Líquenes crustáceos: líquenes aderidos no substrato

*(existem mais classificações)

Fotografia 2. Líquen foliáceo encontrado perto do Pico do Facho, Madeira. Foto de @Anna Cortés

Pelo momento foram contabilizados uns 379 taxa de líquenes na ilha da Madeira, dos quais 11 taxa são endémicos desta ilha -mas é provável que a diversidade seja maior-. Os diferentes habitats da ilha favorecem o desenvolvimento desta diversidade de líquenes. 

Os líquenes podem viver em muitas superfícies distintas (nas rochas, na casca dos árvores, no solo, no cimento...) e nós podemos encontrá-los em todos os habitats terrestres: os desertos, a tundra, as florestas, os habitats alpinos, etc. Na ilha da Madeira isto não é diferente, e podemos encontrar líquenes desde os cumes até aos urzais, à Laurissilva e às zonas de cultivos. 

Fotografia 3. Líquen fruticuloso encontrado perto do Pico do Facho, Madeira. Foto de @Anna Cortés

Mas ainda que os líquenes podem viver em muitos sítios, estes organismos também estão ameaçados à causa de atividade humana; principalmente pela destruição dos habitats, os cultivos intensos e o uso de fertilizantes -algum dos quais são tóxicos para os líquenes- e as alterações nos cursos de água (que provocam uma alteração na distribução de humidade). 

A sua conservação é importante nos ecossistemas terrestres porque ajudam a estabilizar o solo e controlar a erosão, intervertem na reciclagem dos nutrientes e são indicadores ecológicos dela poluição do ar. 


Referências 

  1. Carvalho, P., Figueira, R., & Jones, M. P. (2008). Os líquenes e fungos liquenícolas (Fungi) dos arquipélagos da Madeira e das Selvagens. Borges, PAU; Abreu, C, 95-122.
  2.  Varona, M. Á. L. (2021). Los líquenes. ResearchGate. https://www.researchgate.net/publication/353998976_Los_Liquenes


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