sexta-feira, 6 de outubro de 2023

Vida vertical: a flora rupícola das Ilhas Desertas

 [PT] 

No mês de setembro passado tive a oportunidade de viajar até às Ilhas Desertas para desenvolver tarefas relacionadas com o projeto LIFE Natura@night, que é conduzido pela SPEA (Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves). Passamos cinco dias a desfrutar deste ambiente e da hospitalidade dos vigilantes da natureza, enquanto realizávamos anilhagem de juvenis de cagarra (Calonectris borealis) e alma-negra (Bulweria bulwerii).

Numa destas tardes, conseguimos explorar parte da costa da Deserta Grande. E uma das coisas que chamou a minha atenção foi a capacidade de algumas espécies vegetais de crescer em zonas rochosas totalmente expostas, nomeadamente os exemplares de zambujeiro (Olea maderensis).

As plantas rupícolas são aquelas que crescem em paredes rochosas ou superfícies verticais. Nas Ilhas Desertas, podemos encontrar alguns exemplares que crescem isoladamente no meio das escarpas. Estas plantas desenvolveram mecanismos únicos para enfrentar as condições adversas dos habitats onde vivem. Muitas delas têm raízes especializadas para se fixarem nas rochas e armazenarem água, o que lhes confere resistência às condições de seca. Também têm uma morfologia mais compacta que as ajuda a tolerar ventos fortes e variações térmicas.

As Ilhas Desertas não são apenas um refúgio para a vegetação rupícola, mas também são um habitat essencial para a fauna, incluindo as aves marinhas. Esta Reserva Natural é um testemunho da resiliência e da capacidade de adaptação das espécies, e um lembrete da importância de conservar os ecossistemas únicos destas ilhas.

Fotografia 1. Fajã da Doca, na Deserta Grande. Foto de @Anna Cortés
 

[ENG]

Last month I had the opportunity to travel to the Desertas Islands to participate in SPEA's (Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves) LIFE Natura@night project. We spent five days ringing juvenile Cory's Shearwaters (Calonectris borealis) and Bulwer's Petrels (Bulweria bulwerii), enjoying the environment and the hospitality of the rangers.

On one of these afternoons we were allowed to go and explore some of the Deserta Grande coastline. One of the things that caught my attention was the ability of some of the plant species to grow in completely exposed rocky areas, in particular the specimens of the Madeira olive tree (Olea maderensis).

Rupicolous plants are those that grow on rocky walls or vertical surfaces. In the Desertas Islands, we can find some specimens growing in isolation among the cliffs. These plants have developed unique mechanisms to cope with their harsh habitat. Many of them have specialised roots that anchor themselves to the rocks and store water, making them resistant to drought. They also have a more compact morphology, which helps them tolerate strong winds and temperature fluctuations.

The Desertas Islands are not only a refuge for rupicolous vegetation, but also an essential habitat for wildlife, including seabirds. This nature reserve is a testament to the resilience and adaptability of species. It is also a reminder of the importance of preserving the unique ecosystems of these islands.

Fotografia 2. Fajã da Doca, na Deserta Grande. Foto de @Anna Cortés

 

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