quinta-feira, 30 de junho de 2016

Portugal e o Mar (e o seu estudo pela Metodologia ESAS)

Portugal, devido à sua área marinha extensa, tem a 3º maior Zona Econômica Exclusiva (ZEE) da Europa, e  a 11ª do mundo. Além disso, é um lugar de reprodução, migração , invernada de milhares de aves marinhas. Por estes motivos, Portugal tem uma responsabilidade na conservação das aves marinhas. O Programa Marinho da SPEA tem-se a liderar o caminho desde 2004.


Maiores Zonas Econômicas Exclusivas no mundo


Hoje o programa Marinho de SPEA é uma referência nacional e internacional na conservação das aves marinhas, com experiência em campo e política, ativa em Portugal continental, Açores e em “nossa” Madeira, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, e fornecendo apoio técnico para outros parceiros BirdLife, como podem ser Malta o Grécia.


SPEA mantém um dos maiores bancos de dados marinhos da Europa, e planeja usá-lo não só para a conservação das aves marinhas e proteção do meio marinho, mas também a aplicação de planos de gestão em torno das ilhas e nas zonas costeiras ocupadas. Há que relembrar que das 334espécies de aves marinhas registadas no mundo, 20 nidificam em Portugal (Equipa Atlas 2008), cerca do 6%,e muitas outras utilizam as águas incluídas na ZEE Portuguesa. Ademais, duas espécies são endémicas do arquipélago da Madeira: a ameaçada freira-da-madeira Pterodroma madeira que nidifica nas montanhas da ilha da Madeira; a freira-do-bugio Pterodroma deserta que constroi os seus ninhos no Bugio


Zona Econômica Exclusiva de Portugal


Algumas metodologias para estudar as aves marinhas
Se podem resumir em:
  • Censos marítimos: Determinação da densidade de aves marinhas através da realização de transectos a bordo de embarcações diversas.
  • Censos aéreos:  Complemento dos censos marítimos através de transectos realizados em pequenas aeronaves
  • Data-loggers: Colocaçao de registradores electrónicos em aves marinhas de maior porte para determinar as suas zonas de alimentação e repouso e estudos de comportamento.



Data-loggers em uma cagarras.

  • Radio-tracking: Técnica possível para seguimento remoto de aves marinhas de pequeno porte pode ser considerada uma metodologia para determinar zonas de alimentação das espécies mais pequena.
  • Já muitos mais utilizado no Programa Marinho de SPEA, também poderiam ser interessante citar os censos costeiros, os dias RAM(Rede de observação de Aves e Mamíferos Marinhos), uma rede de observação de aves a o largo das costas, preferencialmente no mesmo horário.


Eu, no âmbito da minha bolsa, vou trabalhar na realização de censos marinhos e em sua metodologia ESAS.

Metodologia ESAS


Esta metodologia consiste em que os dados são recolhidos ao longo de transectos lineares (divididos em estações de observação), definidos por observações contínuas, num determinado período de tempo (5 minutos) e são expressos em densidades (aves/km2). Todas as aves em contacto com a água, que se encontrem dentro de uma área de observação pré-definida são contabilizadas. Esta área de observação é definida por um quadrado de 300m de lado, localizado para vante e para um dos bordos da embarcação, ficando o observador como um dos vértices do quadrado. As aves em voo são contabilizadas através de registos instantâneos, realizados de forma regular ao longo do transecto, de modo a não sobreavaliar a sua densidade.

Transectos realizados com a metodologia ESAS (Atlas das Aves Marinhas de Portugal, 2014)


Metodologia ESAS na historia

O banco de dados da ESAS é uma parceria de colaboração entre JNCC e os pesquisadores de aves marinhas no noroeste da Europa. Cerca de 3 milhões de contagens de aves marinhas foram recolhidos a partir de inquéritos no mar de navios e aeronaves desde 1979 seguindo métodos normalizados, originalmente este método foi crelado por Tasker et al 1984, mas tene sido revisado, por exemplo, para adicionar a recolhida de dados comportamentais.


Metodologia ESAS na Portugal

Comenco-se a utilizar a Metodología ESAS de uma manera sistemática com o projecto LIFE IBAs Marinhas, coordenado pela SPEA, que pretendia definir as áreas mais importantes em Portugal para as aves marinhas em termos de zonas de alimentação e repouso, e outros comportamentos relevantes para a sua vida no mar.  



Por exemplo esta metodologia já tene sido empregada em outros muitos projetos, por citar algumas; projeto LIFE SCANS II (Small Cetaceans in the European Atlantic and North Sea)  ou o projecto FAME (Future of the Atlantic Marine Environment) que é um ambicioso projecto estratégico de cooperação internacional, que tem como objectivo a proteção do meio marinho Atlântico, onde SPEA é parceiro, e uma aplicação desenvolvida por SPEA, permite o visionado de muitos dos dados do projecto.

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