segunda-feira, 27 de novembro de 2017

All you need is Science

Esta semana passada foi muito especial para qualquer amante da ciência e para todos aqueles que aspiram a fazer parte dela. Estou falando sobre a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, idéia que surgiu como objetivo de chamar a atenção dá opinião pública à cultura científica. 
Desde 1998, entre 20 e 26 de Novembro é comemorado em Portugal uma série de eventos em que vários centros de pesquisa, Instituições de ensino superior, Museus e Escolas são envolvidas. Na Madeira este evento teve lugar na passada quarta-feira, "Ciência no Mercado" é promovido pela ARDITI (Agência para o Desenvolvimento Regional da Investigação, Tecnologia e Inovação) e consistiu numa exposição dos vários projectos de investigação em curso neste momento na região. 


Durante toda a tarde qualquer pessoa que visitou a Praça do Peixe no Mercado dos Lavradores de Funchal, teve a oportunidade de experimentar comandar pequenos robôs, que estavam expostos, conhecer os estudos que estão a desenvolver para promover a valorização do ouriço-do-mar na Madeira, souber mais das propriedades tecnológicas das algas e até degustar produtos feitos com elas (minha secção favorita, obviamente!). Houve ainda espaço para pensar sobre o futuro com o Serviço de Psicologia da Universidade da Madeira. Claro, que nos também nos, SPEA estivemos lá para apresentar o projeto Luminaves e mostrar os aparelhos com que trabalhamos para fazer os censos.







Em definitiva, foi uma mostra da Ciência e Tecnologia do que se faz na Região, onde todos puderam participar e interagir em muitos ateliers e compreender um pouco mais do as vezes misterioso mundo da Ciência.

Deixo o link da notícia na televisão sobre o evento.
http://www.rtp.pt/play/p85/e317283/telejornal-madeira/618280

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Last week was very special for any lover of science and for anyone who aspire to be part of it. I'm talking about the National Science and Technology Week, an idea that came up with the objective of getting the public's attention to scientific culture. Since 1998, between 20th and 26th of November a serie of events are celebrated in Portugal, several research centers, higher education institutions, museums and schools are involved celebrated in them. In Madeira this event took place last Wednesday, "Science in the Market" is promoted by ARDITI (Agency for Regional Development of Research, Technology and Innovation) and consisted of an exhibition of the various research projects currently underway in the region. 

During the whole afternoon, anyone who visited Praça do Peiçe in the Mercado dos Lavradores in Funchal had the opportunity to try out small robots that were exposed, to know the studies that are developing to promote the valuation of the sea urchin in Madeira, learn more about the technological properties of seaweed and even taste products made with them (my favorite section, obviously!). There was still spot to think about Our own future with the Psychology Service of the University of Madeira. Of course, we SPEA Madeira, were also there to present Luminaves project and show the equipment with which we work in our censuses.




In short, it was a Science and Technology show about what is happening in the Region, where everyone could participate and interact in many workshops and understand a little more of the sometimes mysterious world of Science.

I leave the news link on television about the event.




segunda-feira, 20 de novembro de 2017

Mais vale prevenir do que remediar


Hoje quero falar dum problema  que infelizmente afecta ou mundo inteiro e que também acontece no meu país,Espanha, onde não tem a atenção merecida apesar de ser uma das causas principais de perda de biodiversidade no mundo: As espécies exóticas invasoras.

O que são e por que a gestão de espécies invasoras é importante?

Seguindo a Convenção sobre a Biodiversidade, espécie exótica invasora é aquela cuja introdução e/ou disseminação fora da distribuição natural passada ou presente, constitui uma ameaça para a diversidade biológica. Normalmente são espécies introduzidas pelo homem que se aclimatam e proliferam sem controle e passa a representar uma ameaça para as espécies nativas , para a economia e saúde humanas e para o equilíbrio dos ecossistemas que vai ocupando e transformando a seu favor.
[The Convention on Biological Diversity. " What are Invasive Alien Species?". UNEP.]

Com a expansão europeia no mundo, houve muitas trocas de espécies entre os diferentes continentes com consequências desastrosas para os animais e plantas nativos. No caso das ilhas com ecossistemas isolados, os coelhos, ratazanas e ratos, introduzidos acidental ou intencionalmente, transformam-se em pragas, ameaçando as espécies que ali habitavam.

No caso na biodiversidade do arquipélago de Madeira, a maioria das espécies referenciadas são parte da lista das 100 pior espécies invasoras do mundo. 
Espécies como a "bananilha", Hedychium gardnerianum (planta originária dos Himalaias), está a pôr em causa a recuperação da Laurissilva, a floresta autóctone deste arquipélago, que está classificada como Património Natural pela UNESCO.
No entanto o grupo dos artrópodes representa un 51% dos endemismos e além Madeira destaca como uma das áreas do planeta com maior diversidade específica de moluscos. O segundo maior grupo desta biodiversidade são as plantas e os fungos (42%). No que interessa aos vertebrados, todos os mamíferos terrestres das diferentes ilhas, com exceção das cinco espécies de morcegos indígenas, foram introduzidos. O grupo mais favorecido do momento são os répteis, onde destaca a lagartixa-da-madeira (Lacerta dugesii) com quatro subespécies endémicas, uma de cada ilha. Relativo as aves, como nós já sabemos, são a classe com maior número de espécies e subespécies no arquipélago da Madeira devido às suas características adaptadas para atingir e colonizar as ilhas. Exemplo das espécies endémicas temos as freira-da-madeira (Pterodroma madeira) e freira-do-bugio (Pterodroma feae), o pombo-trocaz (Columba trocaz) e o bis-bis (Regulus madeirensis) .
Aspetos a ter em conta como principais ameaças para a biodiversidade da ilha são o colecionismo e a perturbação causada pela atividade ecoturística. Assim como os predadores introducidos como os ratos e gatos asselvajados que destroem os ninhos de aves que apenas existem nestes habitats, condenando-as à extinção.
Resultado de imagem para lagartixa madeira

É verdade que, na Madeira, há um trabalho sólido para recuperar habitats e espécies prioritárias com o control ou erradicaçao dalgumas das espécies mencionadas. Mas estos programas requerem de recursos humanos e financeiros significativos, muitos já foram garantidos através de programas comunitários, especificamente, Life-Nature (ex. Projeto de recuperação do habitat de nidificação do petrel freiraProjeto Recuperação da Floresta Laurissilva nas Funduras o Projeto de recuperação dos habitats terrestres de Deserta Grande). 

As pessoas são as únicas a culpar por essas perdas desnecessárias da espécies nativas, mas, como os erros são aprendidos, sempre há a esperança de que, no futuro, uma boa administração e a gestão apropriada de espécies invasoras atuem como uma medida preventiva para essas situações.

           



Today I want to write about a problem that affects the whole world and which unfortunately, like currently in the case of my country, Spain, does not get the deserved attention, despite being one of the main causes of biodiversity loss in the world: Alien-invasive species.

What are they and why it is important a correctly managing of invasive species?

Following the Convention on Biodiversity, an alien-invasive specie is one whose introduction and / or dissemination outside its past or present natural distribution constitutes a threat to biological diversity. These are usually exotic species introduced by the man, and they use to acclimatize and proliferate uncontrollably becoming a threat to native species, to human economy and health, and to the balance of the ecosystems it occupies and transforming in its favor.
[The Convention on Biological Diversity. "What are Invasive Alien Species?" UNEP.]

With European expansion, there have been many species exchanges between different continents with disastrous consequences for native animals and plants. In the case of islands with isolated ecosystems, rabbits, cats and rats, introduced accidentally or intentionally, become pests, threatening the species that used to live there.

In the case of the biodiversity of the Madeira archipelago, most of the species listed are part of the list of the 100 worst invasive species in the world. Species such as Hedychium gardnerianum ( Himalayas native plant), wich is calling into question the restoration of Laurissilva, the native forest of this archipelago classified as a Natural Heritage by UNESCO.
However on the other hand, the group of arthropods represents 51% of the endemism and besides Madeira stands out as one of the areas of the planet with greater diversity of molluscs. The second largest group of this biodiversity are plants and fungi (42%). About the vertebrates, all the terrestrial mammals of the different islands, were introduced, with the exception of the five species of indigenous bats. So far, the most favored group are reptiles, where Madeiran wall lizard (Lacerta dugesii) stands out with four endemic subspecies, one of each island. Relative to birds, as we already know, they are the group with the highest number of species and subspecies in the Madeira archipelago, due to their easy adaptation to reach and colonize the islands. Examples of endemic species we find Zino's petrel or freira (Pterodroma madeira) and Fea's petrel (Pterodroma feae), the trocaz pigeonMadeira laurel pigeon or long-toed pigeon (Columba trocaz) and the Madeira firecrestMadeira kinglet, or Madeiracrest (Regulus madeirensis).
Aspects to be taken into account as main threats for the island's biodiversity are collecting and disturbance caused by ecotourism activity. As well as introduced predators like rats and wild cats that destroy bird nests that only exist in these habitats, condemning them to extinction.

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It is true that in Madeira there is a solid work to recover priority habitats and species with the control or eradication of some of the species mentioned. But these programs require significant human and financial resources, many of which have already been secured through community programs, specifically Life-Nature.

Humans are the only ones to blame for these unnecessary losses of native species, but as we can learn from ours mistakes, there is always the hope that a good management of alien species will act as a precautionary measure in future.

quinta-feira, 9 de novembro de 2017

Não tenhas medo da escuridão





Caros leitores, estas últimas semanas na SPEA ainda estamos a trabalhar na campanha Salve uma Ave Marinha e no projeto Luminaves. Seguindo essa linha de tema neste artigo eu gostaria de abordar uma pergunta que mais duma pessoa talvez venha com... Por que nossas aves marinhas, e mais especificamente nesta altura os filhotes das cagarras, são atraídos pelas luzes artificiais e, portanto, são dos mais afetados pela poluição luminosa?
Claro que qualquer pergunta que começa com "por que", não tem uma resposta simple ... de fato, até onde eu sei, existem duas teorias principais que respondem a esta pergunta.

Teoria 1: Que linda luz!
Os juvenis das aves de ordem Procellariiform (albatrozes, petréis e pardelões , painhos e petrel-mergulhador) são alimentados pelos pais por regurgitação e, depois que eles adquirem plumagem adulta, não recebem cuidados parentais. Algumas espécies, como as cagarras, consomem presas bioluminescentes e, quando são juvenis inexperientes, podem confundir as luzes artificiais com suas presas bioluminescentes naturais (Imber, 1975). Esse fenômeno é mais prominente nas noites de lua nova e nas mais escuras, altura em que é mais fácil ouvi-las quando visitam seus lugares de reprodução. Fato provavelmente causado pelo menor perigo de ser percebidas pelos predadores e pela migração na noite de suas presas de águas profundas para águas superficiais, que também tentam evitar sua exibição durante o dia e as noites de grande visibilidade.
Então, essas aves marinhas já sabem quando obter melhores condições de alimentação perto da superfície, noentanto como a maioria das luzes artificiais apresentaram neste século, a seleção natural ainda está a operar contra a atração excessiva para eles (Marshall, 1954).
Teoria 2: A lua não é mais o que costumava ser ...
Com poluição luminosa, as aves marinhas podem perder as pistas visuais como a luz ambiente da lua, estrelas ou outros objetos estelares perto do horizonte que eles precisam para encontrar o oceano, ou porque um uso incorreto de luzes artificiais como pistas de navegação (Telfer et al., 1987). Também em linha com esta hipótese, a iluminação artificial da noite supostamente interfere com a bússola magnética das aves e faz com que elas voem sobre áreas iluminadas ou perto de luzes brilhantes. Momento que elas ficam cegas ou desorientadas e colidem com estruturas como paredes, árvores, antenas ou o solo. O fato de que o número de aves encandeadas é menor quando a lua está cheia, é porque quando temos mais luz natural, a luz artificial tem menos influência sobre as aves marinhas.

Resumindo, ainda não é possível dar uma resposta definitiva ao motivo da phototaxis positiva destas aves, mas temos certeza de que neste momento a poluição que existe tem um efeito negativo, principalmente nas cagarras, tornando-se mais difícil seus primeiros vôos.


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Dear readers, these last weeks in SPEA we are still focused on the campaign Save a Seabird and the Luminaves project. Following this line of theme in this article I would like to approach a question that more than one of you maybe come up with ... Why our seabirds, and more specifically the Cory's shearwaters fledglings are the most attracted by artificial lights and therefore the most affected by light pollution?
Of course any question that starts with “why”, does not have a simple answer ... in fact, as far as I know, there are 2 main theories that answer this question.

Theory 1: What a beautiful light!
Chicks of Procellariiform order ( albatrosses, petrels and shearwaters, storm petrels and diving petrels) are fed by the parents by regurgitation, and after fledging they don't receive parental care. Some species like shearwaters, consume bioluminescent prey, and when they are inexperienced fledglings, they can confuse artificial lights with their natural bioluminescent prey (Imber 1975). This phenomenon is more prominent the full moon nights, then they use to visit their breeding places in less number than on darker nights. This is probably caused by night migrates from deep water into surface waters of their preys, wich are trying to avoid exhibition during the day and nights of great visibility. So these seabirds alredy know when get best feeding conditions near the surface, but since most of these artificial lights have been present in this century, natural selection is still operating against excessive attraction to them (Marshall 1954).

Theory 2: The moon is not anymore what it used to be...
In places with light pollution, seabirds could lose the visual cues like ambient light of the moon, stars, or other stellar objects near the horizon that they need for finding the ocean, or because an incorrectly use of artificial lights as navigational cues (Telfer et al., 1987). Also in line with this hypothesis, artificial night lighting supposedly interferes with the magnetic compass and it makes that when seabirds fly over lit areas or near bright lights, they get blinded or disoriented and collide with structures such us walls, trees, antennas or the ground. The fact that the number of grounded birds is lower when the moon is full, its because it is in that time when artificial lights are less prominent relative to moonlight.




Ultimately, still it's not possible to give a definitive response to the reason of the positive phoototaxis of these birds, but what we are sure right now it's that light pollution that we make, has a negative effect mostly in fledgling petrels and Cory's shearwater, making harder their first flights.