terça-feira, 28 de dezembro de 2021

Projeto ARENARIA

 'Monitorização da Distribuição e Abundância de Aves nas Praias e Costas de Portugal'

O Projeto Arenaria pretende estudar as tendências populacionais das aves costeiras invernantes, que acompanha desde 2011, e sensibilizar para a conservação dos ecossistemas costeiros e marinhos. Este projeto conta com a participação de voluntários em Portugal Continental, Madeira e Açores. Gostaria de fazer parte deste projeto de ciência-cidadã? Contate o responsável pela sua área. No caso da ilha da Madeira e Porto Santo, a SPEA Madeira está encarregue dos censos, que serão feitos nas seguintes praias:
  • Porto Santo
  • Machico
  • Porto da Cruz
  • Santa Cruz
  • Reis Magos
  • Frente-mar Funchal
  • Praia Formosa Funchal
  • Câmara de Lobos
  • Ribeira Brava
  • Lugar de Baixo
  • Madalena do Mar
  • São Vicente
  • Garajau

 

Para a época de 2021/22, o Projecto Arenaria tem como principais objectivos:

1. Assegurar a contagem de todas as quadrículas de monitorização que permitem uma análise mais fina das tendências populacionais das aves estudadas.

2. Sensibilizar o público em geral para a conservação dos ecossistemas marinhos e costeiros e para a biodiversidade a eles associada.

3. Repetir o Censo Nacional do Pilrito-das-praias, realizado pela última vez na época de 2015/16.

 

Que aves podem ser contabilizadas?

a. Limícolas. Durante o censo deverá ser dada prioridade à contagem deste grupo. O esforço adicional para   contar outras espécies não deve, em circunstância alguma, comprometer este objectivo;

b. Corvos-marinhos Phalacrocorax carbo e P. aristotelis;

c. Garças (Ardeidae);

d. Gaivotas (Laridae);

e. Garajaus (Sternidae);

f. Outras aves marinhas, como pardelas (Puffinus sp.), alcatrazes (Morus bassanus), patos-marinhos (e.g.   Melanitta sp.), moleiros (Stercorarius spp.), alcídeos (e.g. Alca torda), etc.;

g. Guarda-rios Alcedo atthis;

h. Falcões-peregrinos Falco peregrinus.

Adicionalmente, deverão ainda ser contadas, para registo de perturbação o número de pessoas, cães sem trela e veículos (motorizados ou não).

De forma a detetar as aves que estejam a utilizar a faixa costeira, os observadores devem deslocar-se a pé e contar todos os indivíduos presentes, com auxílio de binóculos. A deteção das aves no mar deverá ser feita exclusivamente à vista desarmada, ou seja, sem recorrer a binóculos (que podem e devem, contudo, ser utilizados para auxiliar a identificação). Aconselha-se que o observador conte as aves à medida que passa por elas;

Sempre que for possível deverão ser efetuadas contagens exatas sem necessidade de recorrer a estimativas, com exceção dos bandos grandes de gaivotas, por exemplo. Relativamente a este grupo, deverão ser efetuadas contagens exatas para bandos até 50 inds.; para bandos maiores, poder-se-á arredondar até à dezena os bandos de 51-250 inds., arredondar à vintena os bandos de 251-500 inds., e arredondar à meia centena os bandos superiores a 500 indivíduos;

A deslocação dos observadores deverá evitar a perturbação das aves e não causar movimentos desnecessários das mesmas, minimizando desta forma a duplicação de registos.

As limícolas deverão ser registadas por biótopo (areia, rocha, zona húmida ou outro, que deverá ser especificado), tal como indicado nas fichas de campo. Nos casos em que um grupo de aves estiver claramente a ocupar dois biótopos, por exemplo um bando simultaneamente poisado numa plataforma rochosa e na areia, deverão ser discriminados os indivíduos que estão a utilizar a plataforma e a areia. Deverá ser dada especial atenção às contagens das zonas rochosas, uma vez que o comportamento e a plumagem da maior parte das espécies presentes, nomeadamente a rola-do-mar e o pilrito-escuro, as tornam menos conspícuas.

Quando fazer o trabalho de campo?

O período de contagens será de 1 de Dezembro de 2021 a 31 de Janeiro de 2022;

Deverá ser feita uma única contagem em qualquer altura, desde que efetuada dentro de um período de seis horas contado a partir das três horas antes até três horas depois da baixa-mar;

As contagens deverão ser efetuadas com condições de tempo e de mar favoráveis, quer por motivos de segurança, quer porque a detetabilidade de algumas espécies pode diminuir fortemente com condições adversas;

É de evitar fazer contagens com vento e ondulação muito fortes e chuva intensa.


Contribua para este censo de ciência-cidadã!

quinta-feira, 9 de dezembro de 2021

Atentado Ambiental nas Ginjas

A obra da pavimentação do caminho das Ginjas - Paul da Serra tem vindo a ser um assunto "quente" na região, desde 2019. A SPEA, desde o início, se opôs a este atentado ambiental, que terá diversos impactes negativos na floresta Laurissilva, sendo esta uma zona protegida classificada como Rede Natura 2000 e Património da Humanidade pela UNESCO.

Orçamentada em 12 milhões de euros, a primeira consulta pública do Estudo de Impacte Ambiental (9/02/2021) obteve 132 participações, tendo sido feito uma "reformulação do projeto" que não apresentou grandes melhorias.

O segundo EIA esteve apenas 10 dias úteis em consulta pública (26/11 a 07/12), mas superou o número de participações, com mais 77 que a anterior. Estas 209 participações no total, contaram com o parecer negativo da SPEA, juntamente com outras 10 ONG's regionais e nacionais.

As Organizações não-governamentais que participaram e consideram que o Estudo de Impacte Ambiental deve ser desfavorável e que o Projecto da obra da "Estrada das Ginjas" deve ser abandonado, foram:

• Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA)

• ANP|WWF Portugal

• Associação dos Amigos do Parque Ecológico do Funchal

• Associação para a Defesa e proteção das Florestas Laurissilva (DFLP)

• FAPAS

• Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente (GEOTA)

• Iris – Associação Nacional de Ambiente

• Liga para a Proteção da Natureza (LPN)

• Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza

• Sociedade Portuguesa de Ecologia (SPECO)

• ZERO – Associação Sistema Terrestre Sustentável


É de salientar a resiliência dos cidadãos ativos na resposta a esta consulta pública, que não foi anunciada pelo Governo Regional da Madeira e que apenas disponibilizou 10 dias úteis para analisar cerca de 1000 páginas de um Estudo de Impacte Ambiental.

Este último, após análise da SPEA, mesmo depois de reformulado continua a apresentar ilegalidades, falhas técnicas graves e uma tentativa grosseira de ocultar o estado atual do ambiente no local. Este caminho situa-se dentro da Rede Natura 2000 e atravessa áreas de habitats classificados como prioritários para a conservação da natureza, e onde ocorrem espécies prioritárias para a conservação a nível europeu. Por isso, segundo a legislação europeia, este projeto tem obrigatoriamente de ser alvo de um processo de Avaliação de Impacto Ambiental com requisitos legais que o atual Estudo de Impacte Ambiental não cumpre:

  • Não demonstra nem fundamenta a necessidade do projeto;
  • Não estuda nem compara alternativas ao projeto, nem inclui a alternativa zero, como exige a Diretiva Habitats para projetos que afetam da Rede Natura 2000;
  • Não carateriza adequadamente a situação de referência no que diz respeito à flora e fauna protegida e prioritária no âmbito das Diretivas Aves e Habitats. Não efetuou os investimentos suficientes para a recolha de informação na área do projeto e de grupos da fauna prioritários, como os insetos e os gastrópodes terrestres;
  • Não tem em conta nem o trabalho, nem o investimento em restauro dos habitats e das espécies ameaçadas que foram desenvolvidos anteriormente na área do projeto, financiados com dinheiros públicos;
  • Não identifica, nem avalia corretamente, os impactos sobre as espécies e habitats prioritários, nem avalia devidamente os impactos cumulativos desta construção com outras infraestruturas no local, como são os parques eólicos na envolvente;
  • Como consequência direta da insuficiente caracterização da situação de referência e deficiente identificação de impactos ambientais, também não são indicadas medidas de minimização, compensação e monitorização adequadas e suficientes para cumprir com as garantias exigidas pela Diretiva Habitats na salvaguarda da Rede Natura 2000.


O papel das ONG’s na defesa do ambiente é importante, mas também precisamos da sua voz!

segunda-feira, 22 de novembro de 2021

Educação Ambiental da SPEA Madeira

Conhece as atividades de educação ambiental da SPEA Madeira?

Temos ateliers, palestras, exposições itinerantes, saídas de campo, exercícios, jogos e concursos!



👉 Saiba mais sobre o nosso programa de Educação Ambiental.


Como habitual, este ano temos um novo desafio para os mais jovens. O Concurso “dar cor ao Natal”, destinado ao público escolar, tem como destaque o roque-de-castro, a ave marinha mais pequena a nidificar no arquipélago da Madeira.

Os trabalhos serão publicados na página do Facebook da SPEA Madeira para votação. Participe!


Procura-se Eco-Guardiões contra o lixo marinho!

Eco-Guardiões é o nome do concurso escolar que tem como objetivo promover a Cidadania ativa nos alunos do 2º e 3º ciclo.
Este é um desafio anual que a SPEA lança à comunidade escolar da Madeira, sendo o lixo marinho a temática a abordar.

Acha que a sua turma tem o que é preciso para serem verdadeiros eco-guardiões?

O nosso agradecimento às escolas que nos contactam para transmitir o “bichinho” da conservação da natureza!

segunda-feira, 8 de novembro de 2021

Balanço das brigadas de patrulhamento da Campanha Salve uma Ave Marinha

 


Desde dia 28 de outubro a 4 de novembro, foram realizadas brigadas de patrulhamento ao longo de toda a ilha da Madeira. A nossa equipa SPEA Madeira andou a patrulhar as zonas mais a sudeste em busca de aves marinhas caídas, encandeadas pela luz noturna artificial.
Juntaram-se a nós cerca de 20 voluntários, aos quais agradecemos o esforço!



Foram feitos cerca de 10 percursos por noite, desde as 20h até à meia-noite.
Para além de cerca de 30 cagarras resgatadas, nesses dias foram salvos um roque-de-castro e uma freira-da-madeira! Ambos no mesmo local: um campo de futebol com holofotes.


Para além dos municípios que aderiram à campanha (Santa Cruz, São Vicente, Machico e Ribeira Brava) e procuraram minimizar a luz noturna artificial, desligando algumas luzes ornamentais, houve hotéis (Hotel Albatroz), cafés (Gate23) e outros grupos que também tiveram o seu papel.

Tuna D'Elas - Tuna Feminina da Universidade da Madeira

Grupo de Folclore da Casa do Povo de Gaula

Grupo 101 de Escoteiros de Santa Luzia

Muito obrigada a todos os voluntários! Continuem atentos a esta problemática.

quinta-feira, 21 de outubro de 2021

Atividades da Campanha Salve uma Ave Marinha 2021

 A Campanha SAM 2021 conta com algumas novidades. Dia 23 de outubro decorrerá um Peddy Paper sobre a campanha no Parque de Santa Catarina, no Funchal.



Contamos com a participação de um grupo de escuteiros que se dividirão em equipas e vão descobrir mais sobre as aves marinhas e as suas ameaças. As atividades consistirão em observar as aves do jardim, conhecer mais sobre as aves marinhas e aprender a reciclar, bem como ter noções de como salvar uma ave marinha vítima de encandeamento pela luz artificial noturna.

Esperemos que estas crianças se tornem uns verdadeiros super-heróis no salvamento de aves!

Fazemos o apelo: torne-se um Guardião das Aves Marinhas. Fique responsável por uma zona e faça rondas noturnas em busca de aves caídas.

Podemos contar consigo?


De dia 15 de outubro a 15 de novembro, a nossa sede da SPEA Madeira está aberta ao público com uma exposição sobre a Campanha Salve uma Ave Marinha. Faça-nos uma visita para saber mais sobre esta campanha, e participe como voluntário.






A nossa equipa SPEA Madeira irá estar em busca de aves caídas pela ilha da Madeira, de 28 de outubro a 4 de novembro, que são as noites de lua nova, sendo a altura em que as luzes noturnas artificiais mais afetam as aves.
Venha recolher o seu kit de salvamento e contacte-nos com a sua disponibilidade para fazer rondas noturnas em busca de aves encandeadas através do e-mail madeira@spea.pt.



sexta-feira, 8 de outubro de 2021

A Campanha Salve Uma Ave Marinha começa dia 15 de outubro!

No próximo dia 15 de outubro, é celebrado o início da Campanha Salve uma Ave Marinha, que já conta com 12 anos de existência.

Marque na sua agenda as datas mais importantes:

15 OUT - Dia aberto - A Sede da SPEA Madeira estará aberta ao público para dar a conhecer a campanha e facultar um Kit para salvar aves marinhas. Visite-nos na Rua da Mouraria, nº9, 4ºB, Funchal, entre as 16h e as 18h.


23 OUT - Peddy Paper - Decorrerá um Peddy Paper no Jardim de Santa Catarina, entre as 10h e as 13h, destinado a crianças, com atividades e jogos ao ar livre no âmbito da Campanha Salve Uma Ave Marinha. Passe pelo parque para aprender mais sobre as aves marinhas e as suas ameaças.


28 OUT a 4 NOV - Brigadas de Patrulhamento - As Brigadas de Patrulhamento farão rondas noturnas em busca de aves encandeadas. Quer juntar-se a nós? Qualquer pessoa pode ajudar! Contacte-nos com a sua disponibilidade para madeira@spea.pt.


Todos os anos, são salvas cerca de 200 aves marinhas, maioritariamente juvenis, vítimas da poluição luminosa.

A data escolhida para o decorrer da campanha coincide com a saída do ninho dos juvenis de cagarra (Calonectris borealis). Esta é a maior e mais abundante ave marinha na região, sendo que é também a que é mais afetada pela luz noturna artificial. Ou seja, é a cagarra a ave mais recolhida durante a nossa campanha! As cagarras juvenis, que saem dos seus ninhos entre outubro e novembro e, atraídas pela iluminação pública, colidem com edifícios, linhas elétricas e veículos. A situação piora ainda mais em noites de lua nova. 😥

Esteja atento aos próximos dias pois a probabilidade de encontrar uma ave que precise da sua ajuda é elevada!

As ameaças atuais a esta espécie resultam principalmente da introdução de predadores nas áreas de reprodução, da perda de habitat derivada da expansão urbana, da poluição luminosa que leva à desorientação de juvenis e da captura acidental em artes de pesca. Apesar da proteção legal e da redução significativa na captura ilegal de crias nos últimos anos, poderão ainda ocorrer alguns eventos pontuais de captura ilegal. A erradicação de predadores introduzidos é uma medida importante para a conservação da cagarra, sendo necessário ponderar as relações tróficas existentes entre as várias espécies de mamíferos antes de qualquer intervenção.


Seja voluntário e contribua para o resgate dos juvenis que estão a sair dos ninhos e sofrem com encandeamento pela luz. Faça parte da nossa brigada de patrulhamento e contacte-nos com a sua disponibilidade para fazer rondas noturnas em busca de aves encandeadas através do e-mail madeira@spea.pt.

Se encontrar uma ave marinha encandeada deve aproximar-se lentamente e pôr a ave numa caixa de cartão, para posteriormente soltá-la à noite, à beira-mar, num sítio calmo e escuro.

Contacte-nos com o seu registo através do telefone 967232195 ou preencha o formulário em https://bit.ly/2x1AWSP. Caso a ave esteja ferida, contacte o Instituto das Florestas e Conservação da Natureza, RAM através do 961957545 (09:00-17:30) ou a GNR - Comando Territorial da Madeira (disponível 24 horas).

Salvar a vida de uma ave marinha não é uma tarefa tão difícil. Por isso é tão importante a colaboração da população para a recolha e identificação de aves marinhas encandeadas.


terça-feira, 21 de setembro de 2021

Salve uma Ave Marinha. Podemos contar consigo?

No Arquipélago da Madeira e Selvagens, nidificam 8 espécies de aves marinhas da ordem Procellariiformes. Já as conhece todas?

Esteja atento ao calendário: este mês de setembro abrange a saída dos ninhos dos juvenis de alma-negra, roque-de-castro e freira-da-madeira.

Salvar uma ave marinha não é difícil. Recolha a ave desorientada e deixe-a junto ao mar, à noite, num local escuro e seguro. Nestas alturas críticas, as aves podem vir a necessitar da sua ajuda para regressar ao mar.Contacte-nos com o seu registo através do telefone 967232195 ou preencha o formulário em https://bit.ly/2x1AWSP.

️ Caso a ave esteja ferida, contacte o Instituto das Florestas e Conservação da Natureza, RAM através do 961957545 (09:00-17:30) ou a GNR - Comando Territorial da Madeira (disponível 24 horas).

🔍 Saiba mais em http://salvar-avemarinha.blogspot.com/.

#salveumaavemarinha

ALMA-NEGRA

Sabia que a alma-negra com mais idade, de que se tenha conhecimento, foi registada entre 1992 e 1993, com 24 anos de idade? E que esta é uma espécie com distribuição pantropical ocorrendo nos três principais oceanos?

AMEAÇAS

Atualmente as colónias de almas-negras estão restritas a ilhas e pequenos ilhéus livres de predadores exóticos, tais como ratazanas, gatos e mustelídeos, constituindo estes predadores a sua principal ameaça em Portugal, tendo exterminado as populações nas ilhas onde foram introduzidos. Na ilha da Selvagem Grande é conhecida a predação de adultos e de crias por gaivotas, no entanto o impacto desta ameaça na população é ainda mal conhecido. Outros fatores de mortalidade podem estar relacionados com a ingestão de detritos marinhos sintéticos e a poluição luminosa.



ROQUE-DE-CASTRO

Sabia que existem duas populações de roque-de-castro bem distintas? Estas populações apresentam caraterísticas morfológicas, períodos reprodutivos e vocalizações diferentes. A população de inverno é mais abundante e nidifica entre setembro e fevereiro, enquanto a população de verão nidifica de março a outubro.

AMEAÇAS

A nível global, apesar do grande tamanho da população e da extensa área de distribuição, a espécie parece estar em declínio. As principais ameaças identificadas em Portugal são a presença/introdução de predadores, o aumento da pressão por parte de predadores naturais e a perturbação humana.

FREIRA-DA-MADEIRA

Sabia que a freira-da-madeira é considerada uma das aves marinhas mais raras do Mundo? Esteve declarada extinta até o fim dos anos 60, altura em que foi redescoberta. A partir daí várias medidas de conservação começaram a ser aplicadas até aos dias de hoje.

AMEAÇAS

No passado, a captura de adultos, de juvenis e de ovos poderá ter representado uma ameaça importante para esta espécie. A predação direta por ratazanas e por gatos assilvestrados deverá ter sido a causa da extinção desta freira em outros locais da ilha da Madeira. A presença continuada de herbívoros introduzidos (cabras, ovelhas e coelhos) terá potenciado a destruição das suas principais áreas de nidificação. As diversas campanhas de controlo destas ameaças, realizadas desde 1987, terão permitido a recuperação do habitat de nidificação e da população desta espécie. Devido à sua restrita área de nidificação, fenómenos ocasionais (como é exemplo o incêndio de 2010) representam também uma ameaça direta para a freira-da-madeira.





quarta-feira, 8 de setembro de 2021

Preparações para a campanha Salve Uma Ave Marinha 2021


Cientes dos elevados números de aves marinhas vítimas da poluição luminosa, em 2009, a SPEA - Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves criou a Campanha Salve uma Ave Marinha.
A grande aposta foi sempre na sensibilização da população para a problemática da poluição luminosa, atuando na redução na emissão de luz e também na formação sobre o procedimento a adotar perante uma ave desorientada.

Contando com 12 anos de regaste de aves marinhas, este ano contará com eventos de divulgação (peddy paper e dia aberto na sede da SPEA Madeira) e haverão brigadas de patrulhamento a fazer rondas nas noites mais propícias a quedas (lua nova - de 28 outubro a 4 novembro), bem como entrevistas na tv e rádio.

Qualquer pessoa pode ajudar! Contacte-nos com a sua disponibilidade para madeira@spea.pt.
Salvar a vida de uma ave marinha não é uma tarefa tão difícil. Por isso é tão importante a colaboração da população para a recolha e identificação de aves marinhas encandeadas.

Todos os anos, são salvas cerca de 200 aves marinhas, maioritariamente juvenis, vítimas da poluição luminosa.

Porque as aves marinhas são afetadas pela luz noturna artificial?
Como resultado dos seus hábitos noturnos em terra e orientação pelos padrões estrelares, as aves marinhas possuem olhos adaptados à visão noturna.
Estas características, que lhes fornecem uma vantagem adaptativa, tornam-nas também mais sensíveis à luz.
Como resultado, as luzes das cidades encadeiam as aves marinhas, desorientado-as.
Os juvenis são particularmente vulneráveis. Devido à sua falta de experiência são, muitas vezes, atraídos por essas luzes!

A poluição luminosa exerce efeitos negativos num conjunto alargado de espécies, para além das aves marinhas.
Artrópodes, répteis, humanos e outros mamíferos, assim como outras aves sofrem com os efeitos nefastos do excesso de luz.
Luzes mais eficientes poluem menos e contribuem para um planeta mais saudável.
Reduza a luz, estará a ajudar o ambiente e a poupar energia.

Cerca de 75% da população da Madeira vive na costa sul, resultando ser a fração da ilha com maior número de aves marinhas vítimas de encandeamento.
As ruas sobreiluminadas, os projetores de luz mal direcionados (para escarpas e para o mar) e os candeeiros que não bloqueiam a emissão de luz para o céu, contribuem para a poluição luminosa das cidades.


Consulte o calendário e nas épocas críticas das várias espécies esteja atento a aves que possam necessitar da sua ajuda para regressar ao mar. Este mês de setembro abrange a saída dos ninhos dos juvenis de alma-negra, roque-de-castro e freira-da-madeira.

Contacte-nos com o seu registo através do telefone 967232195 ou preencha o formulário em https://bit.ly/2x1AWSP. 

❗️ Caso a ave esteja ferida, contacte o Instituto das Florestas e Conservação da Natureza, RAM através do 961957545 (09:00-17:30) ou a GNR - Comando Territorial da Madeira (disponível 24 horas).

🔍 Saiba mais em http://salvar-avemarinha.blogspot.com/.

#salveumaavemarinha

sábado, 21 de agosto de 2021

Ameaças às aves marinhas 🎣🐱💡 | Caça ilegal de cagarra 🚫

Quais são as principais ameaças às aves marinhas? 🎣🐱💡

Sabia que continua a haver caça ilegal de cagarra? 🚫


Como resultado dos seus hábitos noturnos em terra e orientação pelos padrões estrelares, as aves marinhas possuem olhos adaptados à visão noturna. Estas características, que lhes fornecem uma vantagem adaptativa, tornam-nas também mais sensíveis à luz. Como resultado, as luzes das cidades encadeiam as aves marinhas, desorientando-as. Os juvenis quando saem dos ninhos, por serem pouco experientes, são atraídos pela luz artificial e ficam desorientados, caindo entre as cidades e por vezes colidindo com edifícios, carros ou postes de luz.

A SPEA Madeira, através da Campanha Salve Uma Ave Marinha, procura minimizar os impactes da luz noturna artificial nas aves marinhas, sensibilizando a população para a redução da luz e para o resgate das aves encandeadas.  Saiba mais sobre a campanha no facebook da SPEA Madeira ou no grupo Aves Marinhas da Macaronésia, e veja no calendário quais são as épocas críticas de quedas de aves marinhas, que coincidem com a saída do ninho dos juvenis destas 8 espécies de aves marinhas, da ordem Procellariiformes, existentes no Arquipélago da Madeira.

Calendário das datas das saídas dos juvenis dos ninhos.

Para além da poluição luminosa, as aves marinhas sofrem com outras ameaças:

A captura acidental de aves marinhas acontece quando estas ficam presas nas artes de pesca. Este é um problema de conservação a nível global que provoca, apenas em águas europeias, a morte de cerca de 200.000 aves por ano. Na Madeira, apenas é permitida a pesca em Palangre, dedicada ao peixe-espada.

As aves marinhas não conseguem adaptar os seus ritmos biológicos às alterações da temperatura dos oceanos. Com as alterações climáticas, cada vez é mais difícil para estas aves encontrar alimento para as suas crias.

A poluição é uma das maiores ameaças, chegando anualmente 8 milhões de toneladas de plástico ao oceano. Os efeitos são muito negativos para toda a vida selvagem e para os ecossistemas marinhos, com um milhão de aves marinhas a morrer, todos os anos, devido à poluição por plástico.

Sozinhas ou em bando, milhares de aves voam todos os anos para a Madeira. Aqui passam o período mais importante das suas vidas, o da reprodução. O ambiente insular é o destino perfeito para a nidificação, mas com a chegada do Homem e a introdução de novas espécies, o equilíbrio natural sofreu alterações e as colónias ficaram expostas a novos perigos. Encontrar um local seguro e abrigado para fazer ninho, é por isso uma tarefa levada muito a sério: dela depende a sobrevivência dos ovos e dos filhotes recém-nascidos, presas indefesas de predadores como o rato, o murganho, a cabra ou o gato silvestre. Os ninhos normalmente localizados em cavidades naturais ou em buracos escavados no solo são, muitas vezes, ameaçados por plantas exóticas invasoras.

Principais ameaças às aves marinhas.

A cagarra (Calonectris borealis) é a ave marinha mais abundante que nidifica em Portugal e a maior das pardelas da Europa. É facilmente identificável pelo seu voo: longos deslizes sobre a superfície da água. Esta ave é extremamente ágil no mar, mas muito desajeitada em terra. Esta visita à costa da ilha da Madeira na época de reprodução de fevereiro a novembro. Esta espécie, segundo o IUCN, apresenta um estatuto de conservação Pouco Preocupante (LC) na Região Autónoma da Madeira. Esta espécie apresenta um comprimento de 45 a 56 cm e um peso que ronda entre 700 a 950 gramas.

A cagarra faz o ninho em cavidades naturais, como fendas nas rochas ou sob amontoados de pedras, ou podem ser escavados no solo. Põem apenas um ovo, e ambos os progenitores cuidam da cria, fazendo muitas vezes longas viagens pelo mar, em busca de alimento. Apesar de viverem mais de 30 anos, o facto de porem apenas um ovo e de levarem tanto tempo a atingir a idade reprodutora faz com que a espécie seja muito vulnerável a ameaças como a predação por espécies invasoras, as capturas acidentais na pesca, a perda de habitat, a poluição luminosa e, na Madeira, mesmo nos dias de hoje, ainda sofrem de caça ilegal.

Cagarra adulta no ninho.

Antigamente, em 1964, a caça da cagarra na região era muito recorrente, devido à falta de alimento, esta era muito procurada pela população em geral durante os meses de setembro a outubro de cada ano, ou seja, no fim da época de reprodução (quando os juvenis apresentam mais gordura armazenada) eram organizadas várias expedições às ilhas Selvagens com o intuito de capturar o maior número possível de juvenis. A última expedição ocorreu a 15 de setembro de 1967 quando Paul Zino proibiu a caça à cagarra. Em 1976, devido a uma revolução da população, durante um período de mudança de regime político em Portugal (1974/75) as populações de cagarra que nidificavam nas ilhas Selvagens, maioritariamente a Selvagem Grande, foram, de novo, alvo de chacina, dizimando quase toda a população existente. Desde então a colónia tem tido uma recuperação lenta e graças à introdução de leis e controlo por parte de vigilância permanente esta apresenta uma população que está estimada em 29 540 casais (Granadeiro et al. 2006).

A SPEA, durante as suas ações de monitorização de duas colónias distintas, encontrou vestígios da prática ilegal de caça de cagarras. Três ganchos foram encontrados junto de ninhos outrora ocupados.

A SPEA tem vindo a realizar diversas atividades de sensibilização ambiental relativamente às aves marinhas e suas ameaças, tendo alguns populares mencionado, por diversas vezes, que tinham conhecimento da apanha ilegal e consumo de cagarra atualmente, quer na Madeira, quer no Porto Santo, principalmente pela comunidade piscatória. Esta ave é retirada do seu ninho utilizando ganchos, para posterior consumo da carne.

À semelhança do controlo e proteção destas aves marinhas, que ocorre nas Selvagens, é imperativo que haja mais fiscalização nas colónias e sensibilização à população para o término desta atividade ilegal na Madeira e Porto Santo.

Ganchos encontrados em colónias de cagarra para a prática ilegal de caça.

sábado, 7 de agosto de 2021

Instalação de GPS-loggers em cagarras

As aves marinhas são o grupo de aves mais ameaçado do mundo. No entanto, devido à sua ecologia móvel e dispersa, a sua distribuição e comportamento no mar ainda
é pouco conhecida. É no mar onde passam a maior parte da sua vida, vindo a terra somente para a reprodução.

A nossa equipa SPEA Madeira tem feito trabalhos de campo no âmbito do projeto INTERREG MAC Energy Efficiency Laboratories (EELabs), desde a montagem de fotómetros na zona sul da ilha à instalação de GPS-loggers em cagarras, com o objetivo de mitigar os efeitos nocivos da luz noturna artificial nas aves marinhas.

O que são os GPS-loggers? Diferindo de outros aparelhos de telemetria (radio e satélite), os GPS-loggers não transmitem informação permanentemente ou a um determinado intervalo, mas armazenam informação, sendo que têm de ser recolhidos para fazer download da informação.

Os GPS-loggers que utilizamos são pequenos aparelhos com cerca de 20mg, que estão programados para determinar a localização da ave. Apesar de terem bastante capacidade para recolher dados, a sua bateria apenas dura cerca de uma semana, sendo que, semanalmente a equipa tem de procurar as aves onde instalou os GPS-loggers para remover o dispositivo e extrair os dados.

O processo de instalar os loggers requer uma monitorização inicial de ninhos. Pretende-se encontrar o casal de cagarras que tem uma cria para cuidar, sendo que assim farão diversas viagens entre a costa e o mar, de modo a poder alimentá-la. Ou seja, estão constantemente a regressar ao ninho, permitindo-nos recolher o logger e não perder o dispositivo nem os dados. Este é um processo moroso porque quanto mais as crias crescem, menos vezes os pais as vêm alimentar, e é maior a probabilidade de não nos cruzarmos com eles para instalar ou recolher loggers. Assim sendo, devemos fazer várias rondas pela colónia, durante a noite, de forma a encontrar adultos reprodutores, o que é um verdadeiro desafio!

Encontrámos mais de 30 ninhos potenciais, no entanto apenas 10 estão a ser utilizados e já têm cria. As primeiras nasceram no fim de julho! Assim sendo, há 20 cagarras adultas a alimentar a sua descendência, e são essas 20 que estamos a procurar para instalar os loggers e saber o percurso que fazem pela costa da Madeira.

Os dispositivos são instalados no dorso da ave utilizando fita de tecido e supercola. São reunidas algumas penas, é colocado o logger e envolve-se com a fita, de modo a não estorvar a ave nem se perca o dispositivo. Também é retirado o peso da ave. A anilhagem e recolha dos restantes dados biométricos são feitos sempre que encontramos adultos distintos. Quando as crias forem grandes o suficiente também serão anilhadas!


Por vezes também encontramos alguns adultos jovens inexperientes que já procuram um local para nidificar, e andam a inspecionar a zona.



As cagarras são filopátricas, ou seja, retornam ao local onde nasceram para se reproduzir. Se as crias destes ninhos que encontrámos forem bem-sucedidas, daqui a 7 anos voltarão à mesma colónia para pôr ovo!