domingo, 16 de maio de 2021

Lixo e Pandemia

 

Ultimamente tenho andado no terreno e a experiência tem sido espetacular. Tenho encontrado uma grande diversidade de Reino Animal e Vegetal. Para além disso, tenho encontrado também LIXO, resíduos esses fruto de uma má gestão e utilização. Inevitavelmente está em todo o lado. Os comportamentos irresponsáveis e os nossos hábitos de consumo trouxeram o lixo como consequência. Esta preocupação não é de todo uma novidade (Lixo na Praia; Plásticos no Mar; Pesca na Madeira).

A problemática e o impacto do lixo desafia ecossistemas e sociedades inteiras ao longo das últimas centenas de anos. Este desafio, todavia, é uma prioridade, só que com novas regras. O mundo parou devido à pandemia covid-19 e urge agora a necessidade do uso de equipamentos de proteção individual e de produtos de uso único.

Desde há algum tempo que tenho observado todos os dias máscaras, outros tipos de equipamentos de proteção individual e produtos de utilização única, seja no meio urbano, no seio da Floresta, e nos ecossistemas costeiros. Um pouco por toda a ilha.



Materiais como luvas, máscaras ou copos descartáveis podem, por exemplo, ser facilmente perdidos, levados pelo vento ou descartados intencionalmente. Estes materiais acabam, a maior parte das vezes, por ser encontrados no meio da Natureza.

A titulo de exemplo: Em Portugal somos 10 milhões de habitantes. Se utilizarmos máscaras descartáveis utilizadas por períodos de 4 horas, isto significa que, se eu estiver 8 horas fora de casa deverei usar duas máscaras por dia. E se assumirmos que desses 10 milhões, 8 são adultos ou com idade de usar máscara, rapidamente chegamos aos 16 milhões de máscaras por dia. Isto é, se todos usássemos mascaras descartáveis segundo as recomendações, diariamente teríamos 16 milhões de máscaras no lixo.


Isto levanta a quetão: para onde vão estes 16 milhões de máscaras diárias? Não sei se as entidades gestoras de resíduos conseguem lidar com este volume a longo prazo. E isto sem contar com todas as mascara que são perdidas, indo com o vento por serem leves. E estamos apenas a falar das máscaras, não estamos a considerar luvas, viseiras e os milhões de novos plásticos utilizados nas embalagens de álcool gel, nem nas embalagens das seringas que irão e estão a ser utilizadas na vacinação. Provavelmente só daqui a uns bons anos é que estaremos prontos para avaliar o impacto que esta pandemia teve na natureza.




Tivemos de voltar a utilizar produtos em que, ao longo dos últimos anos, estiveram a ser implementadas medidas para restrigir ou diminuir o uso desses mesmos produtos.

Todos os esforços realizados a nível de legislação para conter um pouco a utilização dos produtos de uso único, podiam estar em causa devido à pandemia. O aumento de produção e utilização destes produtos em prol da segurança, não deveriam pôr em causa os esforços que se estiveram a fazer nos últimos anos para combater a presença de plásticos e outros resíduos no ambiente. 



Claro que os equipamentos de proteção individual não podem ser reduzidos por questões de segurança, nem devem ser tratados de forma indiferente. Estes podem estar infetados e colocar em causa a nossa segurança.

A ideia não é parar de utilizar máscaras, luvas, ou outros materiais descartáveis (toalhas de papel, copos e talheres descartáveis) em cenários em que é necessário. Se é necessária a utilização de produtos de utilização única para defender a saúde publica, estes devem ser usados. Mas não devem ser utilizados sem haver o acompanhamento de medidas de proteção para o meio ambiente. E quais são essas medidas? As soluções passam por vários cenários. Desde a sensibilização e responsabilização individual, até à criação de medidas adequadas para a reciclagem, a remoção desse lixo ou tratamento do mesmo. Urge a necessidade de enquadramento legal e regulamentação que prevejam que todo este equipamento de proteção individual e produtos de utilização única tenham o devido certo.



Lately, I have been out in the field and the experience has been spectacular. I have found a great diversity of Animal and Plant Kingdom. In addition to this, I have also found LITTER, waste that is the result of bad management and misuse. Inevitably it is everywhere. Irresponsible behavior and our consumption habits have brought waste as a consequence. This concern is nothing new (Rubbish on the Beach; Plastics in the Sea; Fishing in Madeira).

The problem and impact of waste have challenged ecosystems and entire societies for hundreds of years. This challenge, however, is a priority, only with new rules. The world has come to a standstill due to the covid-19 pandemic and the need for the use of personal protective equipment and single-use products is now urgent.

For some time now, I have observed everyday masks, other types of personal protective equipment, and single-use products, whether in the urban environment, in the Forest, and in coastal ecosystems. A bit all over the island.



Materials such as gloves, masks, or disposable cups can, for example, be easily lost, blown away, or intentionally discarded. Most of the time, these materials end up in the wild.

For example: In Portugal, we have 10 million inhabitants. If we use disposable masks that are worn for periods of 4 hours, this means that if I am away from home for 8 hours, I must wear two masks a day. And if we assume that of those 10 million, 8 are adults or of mask-wearing age, we quickly reach 16 million masks a day. That is, if we all wore disposable masks as recommended, we would have 16 million masks in the rubbish every day.


This begs the question: where do these 16 million masks go every day? I don't know if the waste management companies can handle this volume in the long term. And this is without counting all the masks that are lost, going with the wind because they are light. And we're only talking about the masks, we're not considering gloves, visors, and the millions of new plastics used in the packaging of alcohol gel, nor in the packaging of the syringes that will and are being used for vaccination. It will probably be a good few years before we are ready to assess the impact that this pandemic has had on nature.



We have had to revert to using products where, over the last few years, measures have been in place to restrict or reduce the use of those products.

All the efforts made in terms of legislation to contain the use of single-use products could be at risk due to the pandemic. The increased production and use of these products for the sake of safety should not undermine the efforts made in recent years to combat the presence of plastics and other waste in the environment.





Of course, personal protective equipment cannot be reduced for safety reasons, nor should it be treated indifferently. These can be infected and can jeopardize our safety.

The idea is not to stop using masks, gloves, or other disposable materials (paper towels, disposable cups, and cutlery) in scenarios where it is necessary. If single-use products are needed to defend public health, they should be used. But they should not be used without accompanying measures to protect the environment. And what are these measures? The solutions go through various scenarios. From individual awareness and responsibility to the creation of adequate measures for recycling, the removal of this waste, or its treatment. There is an urgent need for a legal framework and regulations that provide for all this personal protective equipment and single-use products to have their due.

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