quinta-feira, 20 de outubro de 2022

Campanha Salve uma Ave Marinha

Este mês marca o regresso da campanha "Salve uma ave marinha". Esta campanha tem sido lançada todos os anos desde 2009 pela SPEA entre outubro e novembro para sensibilizar o público e várias entidades sobre o problema da poluição luminosa e como esta afecta as aves marinhas. De facto, este período é particularmente crítico para uma espécie de ave marinha, a cagarra. 

Entre 15 de outubro e 15 de novembro, os juvenis de cagarras deixam os seus ninhos para iniciar a sua viagem para o mar. É durante esta saída que os juvenis de cagarra tendem a ser atraídos pela iluminação artificial e, desorientados, caem nas nossas cidades, colidem com edifícios, linhas eléctricas e veículos e podendo ficar feridos. São também susceptíveis de serem atropelados por carros e predados por outros animais como cães e gatos. Como não conseguem regressar ao mar sozinhos, precisam da nossa ajuda.



Este ano, a campanha decorrerá de 23 de Outubro a 5 de Novembro (Época crítica). Esta campanha reunirá novamente um grande número de voluntários do arquipélago, mas também do continente e de outros países vizinhos. As patrulhas voluntárias serão efetuadas ao longo de vários municípios para encontrar o maior número de aves desorientadas e libertá-las de volta para o mar. As patrulhas terão lugar na área este da ilha da Madeira, de Câmara de Lobos a Santana, municípios abrangidos pelo projecto LIFE Natura@night. A recolha das aves marinhas desorientadas será também uma oportunidade para efetuar medições biométricas (peso, comprimento da asa e do bico) mas também para colocar dispositivos GPS e alinhá-los. Toda esta informação permitir-nos-á monitorizar os vários indivíduos ao longo do tempo. A instalação do GPS permitir-nos-á aprender mais sobre o comportamento das aves libertadas no mar e qual a sua interação com a costa.


Todos os anos, cerca de 200 aves marinhas, na sua maioria juvenis, são resgatadas.



Número de aves salvas por município desde 2003 até 2016.


Se tiver interesse em participar na campanha, não é demasiado tarde. Pode inscrever-se como voluntário nas nossas rondas nocturnas de aves em https://forms.gle/boq63qXAuA645y9X8

 

Saiba mais em  www.naturaatnight.spea.pt



















This month marks the return of the ''Campanha Salve uma Ave Marinha'' (Seabird Rescue Campaign). This campaign has been launched every year since 2009 by SPEA between October and November to raise awareness of light pollution and how it affects seabirds. Indeed, this period is particularly critical for one seabird species, Cory's Shearwater.

Between the 15th of October and the 15th of November, the juvenile Cory’s Shearwater leave their nest and start their journey to the sea. At this time, juveniles tend to be attracted to artificial lighting and, disoriented and dazzled, they fall into our cities, collide with buildings, power lines and vehicles and can be injured. They are also susceptible to being run over by cars and being preyed on by other animals such as dogs and cats. As they cannot return to the sea on their own, they need our help.


This year the campaign will run from the 23rd of October to the 5th of November (critical season). This campaign will once again bring together a large number of volunteers from the archipelago but also from the mainland and other neighboring countries. Patrols of volunteers will circulate in the cities to find the disoriented birds and release them back into the sea. The patrols will take place in the east, from Câmara de Lobos to Santana, municipalities covered by the LIFE Natura@night project. The capture of the seabirds will also be an opportunity to carry out biometric measurements (weight, wing and beak length), to place GPS devices and to ring them. All of this information will allow us to monitor the individuals over time.  The installation of GPS will allow us to learn more about the behavior of the seabirds released at sea and their interaction with shore.


Every year about 200 seabirds, mostly juveniles, are rescued from light pollution.


Number of birds rescued by municipality from 2003 to 2016.



If you are interested in participating in the campaign, it is not too late. You can sign up to volunteer with us on our night bird rounds at https://forms.gle/boq63qXAuA645y9X8.


Read more on www.naturaatnight.spea.pt 




quarta-feira, 19 de outubro de 2022

Anilhagem de juvenis


    A equipa da SPEA Madeira continua com os seus trabalhos na colónia de cagarras, desta vez com os juvenis que estão quase prontos para abandonar o ninho pela primeira vez e fazer-se ao mar. Esta colónia escolhida tem vindo a ser estudada nos últimos anos e em 2018 possuía 24 ninhos potenciais, dos quais 8 estavam ocupados. No mês de julho, a nossa equipa encontrou mais de 30 ninhos potenciais onde apenas 10 estavam ocupados, contudo algumas crias terão desaparecido do ninho e o número de juvenis diminuiu.

Juvenil de cagarra (Calonectris borealis)

    A cagarra faz o ninho em cavidades naturais, como fendas nas rochas, ou ainda ninhos que as próprias escavam no solo. Põem apenas um ovo, e ambos os progenitores cuidam da cria, fazendo muitas vezes longas viagens pelo mar, em busca de alimento. Apesar de viver mais de 30 anos, o facto de pôr apenas um ovo e de levarem algum tempo a atingir a idade reprodutora faz com que a espécie seja muito vulnerável a ameaças como a predação por espécies invasoras, as capturas acidentais na pesca, a perda de habitat, caça ilegal e, claro, a poluição luminosa.

    Deste modo uma ótima maneira de poder seguir os juvenis que irão sair agora dos seus ninhos é através da utilização da anilhagem científica. A anilhagem científica é extremamente importante para poder determinar vários parâmetros demográficos, como por exemplo, a longevidade dos indivíduos da espécie, a idade com que começam a reproduzir-se, a taxa de sobrevivência, tamanho e tendência populacionais, entre outras. Para além disso, no caso de aves migradoras, a anilhagem é também muito útil para entender os movimentos migratórios.

Método de anilhagem

    A anilhagem científica consiste na marcação individual das aves através da colocação de uma anilha metálica na pata com um código único, que permite identificar então cada ave anilhada. Estas anilhas têm que estar adaptadas ao diâmetro da pata da espécie e aos habitats que utilizam durante o seu ciclo de vida. No caso das aves marinhas, como a cagarra, as anilhas são geralmente de aço inoxidável para resistir à corrosão causada pelo sal, dado que estas aves passam a maior parte da sua vida no mar e são animais que vivem muitos anos. Após a libertação da ave anilhada é possível identificar este individuo caso possa ser recapturado noutra parte do mundo.

    Com os juvenis da nossa colónia, no processo de captura da ave, é colocada uma anilha na pata direita, e posteriormente é feita a medição dos dados biométricos, nos quais é registado o peso da ave, o tamanho das asas, do bico e dos tarsos, com auxílio de uma régua e uma craveira. A ave é pesada dentro de um saco utilizando uma balança portátil.

    Foi possível realizar a anilhagem de 9 juvenis, de forma rápida e eficaz, e retirar dados biométricos de todos. Agora que já carregam consigo o seu próprio “bilhete de identidade”, esperamos que seja possível avistar estas aves num futuro próximo, tanto a retornar à colónia como primeiros casais reprodutores ou avistadas no mar, saudáveis e a prosperar.


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    The SPEA Madeira team continues its work in the shearwaters’ colony, this time with the juveniles, who are almost ready to leave the nest for the first time and begin to explore the open ocean. This colony has been studied in recent years and in 2018 had 24 potential nests, of which 8 were occupied. In July, our team found more than 30 potential nests where only 10 were occupied, however some chicks had disappeared from the nest and the number of juveniles has decreased.

                                                Juvenil de cagarra (Calonectris borealis)

    The Cory's shearwater makes their nests in natural cavities, such as holes or small caves in the rocks, or even nests digged by themselves in the soil. They lay only one egg, and both parents take care of the chick, often making long journeys across the sea in search of food. Despite living more than 30 years, the fact that it lays only one egg and takes some time to reach the breeding age makes this species very vulnerable to threats such as predation by invasive species, accidental bycatch in fishing, habitat loss, poaching and, of course, light pollution.

    As so, a great way to follow the juveniles that will now leave their nests is through the use of a scientific ringing methodology. Scientific ringing is extremely important as it allows to determine various parameters, such as the longevity of individuals of a species, the age at which they begin to reproduce, the survival rate, size and tendency of the population, among others. In addition, in the case of migratory birds, ringing is also very useful for understanding migratory movements.

                                       Método de anilhagem

    Ringing consists in individual marking of the birds by placing a small metal ring with a unique code on the bird’s foot, which then allows to identify each ringed bird. These rings must be adapted to the diameter of the species' foot and to the habitats they use during their life cycle. In the case of seabirds, such as shearwaters, the rings are usually stainless steel to resist corrosion caused by salt, since these birds spend most of their life at sea and are animals with accentuated longivety. After the release of the ringed bird, it is possible to identify this individual if its recaptured elsewhere in the world.

    With the juveniles within our colony, in the process of capturing the bird, the ring is placed on the right foot and later the biometric data are taken, in which the weight of the bird, the size of the wings, the beak and tarses are recorded, with the aid of a ruler and a stud. The bird is weighed inside a bag using a portable scale.

    We were able to ring 9 juveniles, quickly and effectively, and to take the biometric data from all. Now that they are carrying their own "identity card", we hope that it will be possible to spot these birds in the near future, both returning to the colony as the first breeding pairs or sighted at sea, healthy and thriving.