sexta-feira, 24 de maio de 2024

Flora da Madeira

                                                                       Portugese


Ao ir para o campo, não só vemos pássaros, como também nos deparamos com as muitas plantas que crescem na ilha da Madeira (e muitas outras coisas). Neste blog, gostaria de destacar algumas dessas plantas.

Aqui estão algumas plantas que vi até agora na ilha:

A planta Massaroco (Echium candicans) é endémica da Madeira e é frequente vê-la quando se percorre a ilha. A planta tem flores azul-púrpura e um longo tronco. Echium é derivado da palavra Echis que significa víbora (um tipo de cobra). Se usarmos a imaginação, poderá ver a semelhança entre a cabeça da víbora e o formato da noz da planta. Além disso, no passado, às vezes usavam a planta para curar picadas de cobra, o que é outra explicação para o nome (fazendo mais sentido para mim).

Massaroco

Outra planta é a Estreleira (Argyranthemum dissectum), também endémica da Madeira. As flores desta planta com interior amarelo e folhas brancas lembram-me muito as 'madeliefjes' que temos na Holanda, embora a estreleira esteja muito mais adaptada à vida nas costas rochosas com os seus caules arbustivos. Além disso, aprendi que muitas plantas aqui, têm adaptações ao clima costeiro e mais seco, como folhas grossas, cerosas ou peludas para evitar a perda de água.

Madeliefjes

O Ensaiāo-de-Pasta (Aeonium glandulosum) é outra planta endémica da Madeira muito comum nas montanhas e ao longo da costa, crescendo na superfície rochosa. Para mim, parece um pouco com uma mandala. As folhas são verdes e/ou vermelhas e bastante grossas.

Ensaiāo-de-Pasta 

O Goivo-da-rocha (Matthiola maderensis) vive em zonas rochosas e secas e é também endémico da Madeira. As folhas são alongadas e pontiagudas e as flores são roxas/violetas. 

Goivo-da-rocha, Ponta de São Laurenço

Estas plantas são todas endémicas da Madeira, mas o que é que isto realmente significa? Aprendi mais sobre, durante as atividades do Jardins Com Vida que realizamos nos últimos dois meses. Plantámos plantas endémicas e autóctones num pequeno terreno no concelho de Santa Cruz e retirámos algumas plantas invasoras e ervas daninhas.

Se uma planta é endêmica, significa que ela ocorre naturalmente apenas naquela região específica. Por outro lado, se uma planta for introduzida ou não nativa, ela não ocorre naturalmente na paisagem. Pode ser, por exemplo, que tenham sido plantados por pessoas porque os acharam bonito ou porque foram introduzidos acidentalmente através de redes comerciais. As plantas não nativas nem sempre são más, mas algumas se comportam de forma invasiva. É quando são chamadas de plantas invasoras. Eles podem superar outras plantas e alterar o habitat, o que pode tornar muito difícil para outras espécies sobreviverem e prosperarem. Isto pode, por sua vez, ter um efeito negativo na biodiversidade. A diversidade de plantas é importante porque proporciona oportunidades de fixação para múltiplas espécies de fauna e diminui a erosão do solo e a vulnerabilidade a doenças das plantas.

Um exemplo de espécie invasora na Madeira é a Cana-Vieira (Arundo donax).



                                                                          English 

When going into the field, we not only see birds, we also come across the many plants growing on the island of Madeira (and many other things). In this blog, I would like to put the spotlight on some of these plants. 

Here are some plants that I have seen so far on the island:

The plant Massaroco (Echium candicans) is endemic to Madeira and you see them quite a lot when going around the island. The plant has blue-purple flowers and a long
stem. Echium is derived from the word Echis which means viper (a type of snake). If you use your imagination and happen to know anything about this snake (I don't), you could see the resemblance between the head of the viper and the shape of the nutlet of the plant. Also, in the past, they sometimes used the plant to cure snakebites, which is another explanation for the name (this makes more sense to me). 
Massaroco

Another plant is the Estreleira (Argyranthemum dissectum), also endemic to Madeira. The flowers of this plant with the yellow inside and white leaves really reminds me of the 'madeliefjes' we have in The Netherlands, although the estreleira is way more adapted to life on the rocky coasts with its shrubby stems.  Also, I learned that a lot of plants here have adaptions to the coastal and dryer climate like thick, waxy or hairy leaves to prevent loss of water. 

Madeliefjes

The Ensaiāo-de-Pasta (Aeonium glandulosum) is another plant endemic to Maderia that is really common in the mountains and along the coast, growing on the rocky surface. To me, it looks a bit like a mandala.
The leaves are green and/or red and quite thick.

Ensaiāo-de-Pasta 


Goivo-da-rocha (Matthiola maderensis) lives in rocky and dry areas and is also endemic to Madeira. The leaves are elongated and pointy and the flowers are purple/violet. 


Goivo-da-rocha, Ponta de São Laurenço

These plants are all endemic to Madeira, but what does this actually mean? I learned more about this during the Jardins Com Vida activities that we did the last two months. We planted endemic and native plants in a small plot in the municipality of Santa Cruz and removed some invasive plants and weeds. 

If a plant is endemic, it means that it only naturally occurs in that specific region. If a plant is introduced or non-native on the other hand, it does not naturally occur in the landscape. It can be for example that they were planted by people because they thought they looked pretty or because they were accidentally introduced through trade networks. Non-native plants are not always bad, but some behave in an invasive way. This is when they are called invasive plants. They can outcompete other plants and alter the habitat, which can make it very hard for other species to survive and thrive. This can in turn have a negative effect on biodiversity. A diversity of plants is important, because it provides settling opportunities for multiple species of fauna and it decreases soil erosion and vulnerability to plant diseases. 

An example of an invasive species on Madeira is Cana-Vieira (Arundo donax). 

segunda-feira, 13 de maio de 2024

El arte del camuflaje...👀

ESPAÑOL

HOLA! hoy vengo a hablar de algo que me sorprendio bastante en su momento, y esta relacionado con el trabajo de campo que ayudamos a realizar y es uno de los objetivos principales en algunas de las salidas que realizamos. Estoy hablando de los esconder los ARU (autonomous recording unit), que son basicamente las grabadoras que utilizamos para identificar que ave marina esta pasando por la zona (solo si vocaliza claro) e intentar conocer las rutas que estas hacen para volver a sus nidos o si hay alguno cerca.


ARU en cuestión
ARU por dentro














Es mucha la informacion que podemos extraer gracias a las grabadoras, pero eso si, hay que saber como utilizar esta informacion y como analizarla, lo cual no es un trabajo menor, ya que es necesario un software llamado Kaleidoscope que nos ayuda a filtrar y limpiar las largas horas que el ARU esta grabando. Digamos que el trabajo que conlleva colocarlas en sitios estratégicos y mantenerlas, es casi igual en términos de dificultad, que el trabajo posterior de analizarlas y extraer los datos.


Ana Teresa escondiendo un ARU


Pero la parte que me sorprende de todo esto, es cuando llegamos al lugar potencial para colocar el ARU y toca ver donde lo escondemos para que no lo vea la gente cuando pase por ahi, pero tampoco ha de ser un lugar muy complicado para poder encontrarlo despues, lo cual, es un reto a veces, uno entrentenido.


Ana Teresa cambiando pilas


Obviamente tomamos fotos y dejamos pistas para que despues sea mas sencillo recuperarlos pero no siempre es tan sencillo encontrarlos ya que la vegetación puede haber crecido o se puede haber movido por el viento o cualquier otro factor que pueda alterar su ubicación, o en el peor de los casos, que alguien lo haya robado.



PORTUGUÊS

OLÁ! Hoje venho falar de algo que muito me surpreendeu na altura, e está relacionado com o trabalho de campo que ajudamos a realizar e que é um dos principais objetivos em algumas das saídas que fazemos. Estou a falar de esconder as ARU (Unidade Autônoma de Gravação), que são, basicamente, os gravadores que usamos para identificar qual a ave marinha que está a passar naquela área (só é possível se ela vocalizar claramente) e tentar saber as rotas que elas fazem para retornar ao seu destino; ninhos e/ou se há algum por perto.


ARU em questão
ARU no interior


























Há muita informação que podemos extrair graças aos gravadores, mas temos de saber como usar essa informação e como analisá-la, o que não é um trabalho fácil, pois precisamos de um software chamado Caleidoscópio que nos ajude a filtrar e limpar as longas horas que a ARU fica a gravar. Digamos que o trabalho de os colocar em locais estratégicos, e mantê-los, seja quase o mesmo em termos de dificuldade que o trabalho posterior de análise e extração dos dados.


Ana Teresa a esconder um ARU

Mas a parte que me surpreende nisto tudo, é quando chegamos ao local potencial para colocar o ARU e temos de ver onde o escondemos, para que as pessoas não os vejam quando passarem. No entanto, não precisa ser num lugar muito complicado, pois precisamos retirá-los depois - o que se torna, por vezes, num desafio divertido-.

Ana Teresa muda as pilhas

Obviamente, tiramos fotos e deixamos pistas para que seja mais fácil recuperá-las posteriormente, mas nem sempre é tão fácil encontrá-las, pois a vegetação pode ter crescido ou pode ter sido movida pelo vento ou qualquer outro fator que possa alterar a sua localização, ou na pior das hipóteses, alguém o ter roubado.


ENGLISH

HELLO! Today, I'd like to share an intriguing aspect of our fieldwork that never fails to astonish me. It is related to the deployment of ARUs (Autonomous Recording Units), essential devices we utilize during our outings. These units serve a vital purpose: recording the vocalizations of seabirds in the vicinity, enabling us to identify nearby seabirds and the routes they take to return to their nests.

ARU inside
ARU in question




























The wealth of data these recorders yield is immense, but harnessing it requires adept analysis (including data filtering and cleaning) using specialized software like Kaleidoscope. Indeed, the effort involved in siting and maintaining these units rivals the complexity of extracting and analyzing the gathered data.

Ana Teresa hiding an ARU


However, what truly captivates me is the art of concealing these ARUs in the field. It's a delicate balance: finding a spot where they remain inconspicuous to passersby yet accessible enough for retrieval. This challenge often proves both exhilarating and entertaining.

Ana Teresa changing batteries


While we diligently take photos of each placement and offer clues for retrieval, locating them isn't always straightforward. Factors like overgrown vegetation, shifting by wind, or, regrettably, the occasional act of theft can complicate matters.



sexta-feira, 10 de maio de 2024

Bioblitz Ponta de S.Lourenço - O processo

PT
Bioblitz Ponta de São Lourenço - O processo

No dia 20 de abril de 2024 decorreu, na Ponta de São Lourenço, o 2º Bioblitz na Ilha da Madeira, realizado pela Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA). 

Este evento, pedagógico e científico, acontece no âmbito de unir os amantes da natureza numa atividade dinâmica, enquanto consciencializa os participantes para a importância da preservação da Biodiversidade. 

A atividade é dividida por 3 grupos, em que num primeiro, a temática abordada está relacionada com os Morcegos; num segundo grupo, há uma explicação sobre Aves e, no 3º, sobre os Insetos. Os participantes têm o apoio de especialistas entendidos da área, que neste dia se disponibilizam a participar e compartilhar os seus conhecimentos para com todos os participantes.

Receção aos participantes

Numa parte inicial, fazemos uma receção a todos os participantes que se inscreveram previamente, anotamos os nomes e os contactos, para que, posteriormente recebam o certificado de participação. Em seguida, fazemos uma divisão de grupos, e cada grupo é encaminhado para uma temática diferente (Morcegos, Aves e Insetos).
ⓒ Elisa Teixeira

Atividades
Num primeiro momento, é dada uma breve explicação sobre o comportamento destes 3 grupos: 

Morcegos: Aqui há uma elucidação por parte da especialista sobre os morcegos e as respetivas espécies que existem na ilha da Madeira. Também são desvendados alguns mitos que existem em relação a estes mamíferos. Um dos objetivos desta atividade é fazer a escuta de morcegos - que neste dia não foi possível, devido às condições meteorológicas - com um aparelho designado para esse fim.
ⓒ Elisa Teixeira



Aves:
Também foi dada uma explicação sobre as aves marinhas, de que forma são afetadas pela poluição luminosa e de que modo este tipo de poluição influencia no comportamento das mesmas. Os participantes conseguiram, através do uso de telescópio e binóculos, observar algumas aves, que tinham os seus ninhos em rochas, nas redondezas.
ⓒ Carina Moreira


Insetos: na Ponta se São Lourenço foram encontrados e identificados vários tipos de insetos, que também são vítimas da poluição luminosa, pois quando atraídos pela luz artificial excessiva, morrem de exaustão.
ⓒ Carina Moreira
ⓒ Carina Moreira

No final da atividade são oferecidos brindes aos participantes, que constam informações sobre o projeto, com o intuito de divulgar o trabalho realizado pela SPEA, para que haja uma consciencialização da população sobre como ajudar na proteção e preservação das espécies da Ilha da Madeira. 


O Desfecho

Esta foi a 2ª vez que a SPEA teve a oportunidade de proporcionar um BioBlitz aos amantes da natureza, desta vez, com o apoio do parceiro Câmara Municipal de Machico, num evento que contou com 41 participantes, que decidiram passar uma tarde diferente e aprofundar os conhecimentos sobre as temáticas abordadas. 

Segundo os resultados obtidos pelos especialistas, foram registadas no BioBlitz Ponta de S. Lourenço@night, 60 espécies e perto de 170 observações. 

É muito importante preservar todos os grupos de animais, que ainda existem no ecossistema, pois cada um deles desempenha um papel fundamental no planeta e contribuem para que a população humana tenha uma melhor qualidade de vida.




EN

Bioblitz Ponta de S.Lourenço - The process

On April 20, 2024, the second Bioblitz on Madeira Island took place in Ponta de São Lourenço, carried out by the Portuguese Society for the Study of Birds (SPEA).

This educational and scientific event was organised with the aim of uniting nature lovers in a dynamic activity, while raising awareness among participants about the importance of preserving biodiversity.

The activity was divided into three groups, each with a specific theme. The first topic was related to Bats; in the second group, there was an explanation about Birds and, in the third, about Insects. Participants were supported by knowledgeable experts in the field, who on this day were available to participate and share their knowledge with all participants.

Welcoming the participants

Initially, we welcomed all participants who registered in advance, taking down their names and contact details so that they could later receive a certificate of participation. Then, we divided the groups, and each group was directed to a different theme (Bats, Birds and Insects).




                                                               ⓒ Elisa Teixeira


Activities

Firstly, a brief explanation was given about the behaviour of these the three different groups:

Bats: Here there was an explanation from the specialist about bats and their respective species that exist on the island of Madeira. Some myths that exist in relation to these mammals were also uncovered. One of the objectives of this activity was to listen for bats - which was not possible on this day due to the weather conditions - with a device designed for this purpose.


ⓒ Elisa Teixeira



Birds: An explanation was also given about seabirds. We learned more about how they are affected by light pollution and how this type of pollution influences their behaviour. The participants were able, using a telescope and binoculars, to observe some birds, which had their nests on rocks nearby.


ⓒ Carina Moreira



Insects: in Ponta se São Lourenço, several types of insects were found and identified, which are also victims of light pollution. When attracted by excessive artificial light, they can die from exhaustion.


ⓒ Carina Moreira



   

ⓒ Carina Moreira


At the end of the activity, gifts were offered to the participants, which contained information about the project, with the aim of spreading the work carried out by SPEA, so that more awareness can be raised among the population on how to help protect and preserve species on Madeira Island.


The Ending

This was the second time that SPEA had the opportunity to provide a BioBlitz to nature lovers. This time, with the support of the partner Câmara Municipal de Machico. A total of 41 participants decided to spend the afternoon with us to deepen their knowledge about the topics covered.

According to the results obtained by the experts, 60 species and close to 170 observations were recorded in BioBlitz Ponta de S. Lourenço@night.

It is very important to preserve all groups of animals that still exist in the ecosystem, as they are fundamental to healthy ecosystems and thereby human health and a good quality of life.