O Estudo das Aves marinhas através da vocalização continua, no âmbito do projeto LIFE4Best SMS. Embora o objetivo específico do projeto seja estudar identificar colónias de espécies-alvo (patagarro Puffinus puffinus, pintainho Puffinus lherminieri, roque-de-castro Hydrobates castro e painho-de-monteiro Hydrobates monteroi) (LIFE4Best SMS), somos sempre presenteados com a presença de outras espécies. Neste artigo irei dar destaque a quem nos acompanhou ao longo dos censos noturnos, fazendo companhia nas noites de trabalho: As Cagarras Calonectris borealis.
Conseguimos escutá-las em colónias muito barulhentas desde o início do anoitecer. Os sons são trinados, duros e secos. Os sons são de notas exageradas, nasaladas ou plangentes, finalizando com um som diferente. “gaooh-ac-gaooh-ac ooh-aah”
A cagarra é uma ave essencialmente pelágica que se alimenta essencialmente de pequenos peixes pelágicos e cefalópodes.
Durante a sua
época reprodutora pode ser vista e ouvida em terra, e reproduz-se em
praticamente todas as ilhas dos arquipélagos das Berlengas, Açores e da
Madeira.
Os seus ninhos localizam-se em fendas nas rochas, sob amontoados de pedras, ou inclusive podem ser cavados pelas aves no solo, sendo raro encontrar ninhos expostos.
Estas aves
chegam às áreas de reprodução entre fevereiro e março, e os juvenis abandonam o
ninho no início de novembro. Após a época de reprodução, viajam para os seus
locais de preferência, predominantemente para o Atlântico Sul. Alguns indivíduos permanecem
no Atlântico Norte e outros vão para o Oceano Índico.
Cagarras © Pedro Geraldes |
Apesar de serem
classificadas pela IUCN com estatuto de conservação pouco preocupante (LC), enfrenta diversos desafios e
ameaças:
-Introdução de
predadores nas áreas de reprodução;
-Perda de
habitat derivado da pressão urbana;
- Poluição
luminosa que leva à desorientação das aves (Principalmente juvenis nos seus primeiros voos);
-Captura acidental em artes de pesca (de salientar que esta ameaça é o principal motivador para escrever este artigo).
Confesso ter-me
sentido triste, derrotado, mas ainda mais importante, senti-me encorajado e
determinado a continuar a lutar pela preservação das Aves.
A captura
acidental, interação com artes de pesca em pequena ou grande escala, continua a
ser uma das maiores ameaças para este grupo de aves, grupo este que é o mais
ameaçado do Mundo!
Percebi que,
apesar de existir uma proteção legal sobre esta espécie e existir uma possível redução na captura acidental,
esta ameaça está longe de deixar de ser erradicada.
Cabe-me a mim e
a nós todos combatermos esta perda de espécies e de habitat que danifica todo o
equilíbrio natural dos nossos ecossitemas.