Durante alguns dias de trabalho no âmbito do projeto STOP Predators, foi possível visitar e apoiar as atividades de monitorização num dos locais de nidificação da Cagarra (Calonectris borealis).
Coordenado pela SPEA, o projeto visa avaliar e mitigar o impacto de predadores introduzidos – como gatos e ratos – nas colónias de aves marinhas, através de sistemas de vigilância remota e ações de conservação direcionadas.
Câmaras de vigilância são instaladas nas proximidades dos ninhos, permitindo recolher informações cruciais sobre a atividade noturna e outros distúrbios dificilmente detetáveis por observação direta.
Estas câmaras exigem manutenção regular: verificar o posicionamento, substituir baterias descarregadas, verifica se o equipamento não sofreu danos devido à humidade ou ao vento, e descarregar as gravações para posterior análise.
As imagens são analisadas para detetar sinais de predação ou perturbação, contribuindo para compreender os fatores que afetam o sucesso reprodutivo.
O local, embora situado numa área natural de grande valor ecológico, apresenta acesso difícil. O trajeto até à colónia atravessa terreno instável e exposto, o que requer planeamento logístico cuidadoso. No entanto, este isolamento relativo proporciona também condições favoráveis à nidificação, com menor perturbação humana.
A espécie em foco, a cagarra, é uma ave marinha pelágica que nidifica exclusivamente em ilhas oceânicas. Todos os anos, cada casal põe apenas um ovo, geralmente em cavidades ou fendas entre rochas. Durante a fase de crescimento do juvenil, ambos os progenitores alternam-se na alimentação, percorrendo grandes distâncias no mar para procurar alimento. Apesar de estar atualmente classificada como de preocupação mínima a nível global, enfrenta ameaças locais significativas, como predação por mamíferos invasores, poluição luminosa e perturbações humanas nas fases mais sensíveis da reprodução.
A experiência permitiu observar de perto alguns dos aspetos centrais do trabalho de conservação em ambientes insulares. A monitorização por câmara revela-se uma ferramenta fundamental para recolher dados fiáveis com impacto mínimo na fauna.
English version
During a few working days within the STOP Predators project, it was possible to visit and support monitoring activities at one of the breeding sites of the Cory’s shearwater (Calonectris borealis). Coordinated by SPEA, the project aims to assess and mitigate the impact of introduced predators – such as cats and rats – on seabird colonies through remote surveillance systems and targeted conservation actions.
Camera traps are installed near the nests to gather key information on nocturnal activity or disturbances that are difficult to detect through direct observation. These devices require regular maintenance: checking the correct positioning and battery levels, check that the equipment hasn’t been damaged by humidity or wind, and downloading footage for later analysis. Recordings are reviewed to detect any signs of predation or disturbance and help understand the threats affecting breeding success.
The site, although located in a valuable natural area, is not easily accessible. Reaching the colony involves traversing exposed and unstable terrain, which requires careful logistical planning. However, this relative isolation also offers favourable conditions for undisturbed breeding.
The monitored species, the Cory’s shearwater, is a pelagic seabird that breeds exclusively on oceanic islands. Each year, the pair lays a single egg inside cavities or rocky crevices. During the chick-rearing phase, both parents alternate in provisioning, travelling long distances over open sea to gather fish and squid. While globally listed as Least Concern, the species faces local threats, particularly from invasive mammals, artificial lighting, and human activity that may affect the most sensitive breeding stages.
The experience provided valuable insight into the core aspects of conservation work in island environments. Camera monitoring proves to be a crucial tool for collecting reliable data while minimizing disturbance to wildlife.
Valeria Basciu
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