Voluntários na Madeira: Aves de rapina de Madeira (III)

Manta

A ave de rapina maior do arquipélado da Madeira é a Manta (Buteo buteo harterti), conhecida em Portugal Continental como águia-d'asa-redonda e nos Açores como milhafre. Pode atinguir os 50 cm de comprimento e até 130 cm de envergadura.

Ave de rapina compacta e com asas largas e arredondadas, pescoço curto e cauda de tamanho médio, pertencente à ordem Accipitriformes e à familia Accipitridae. Os bútios são rapinas de dimensão média e frequentemente planam em círculos a grande altitude utilizando as correntes ascendentes de ar quente. Outras espécies de bútios são o bútio-mourisco (Buteo rufinus) em África ou o bútio-calçado no Norte de Europa (Buteo lagopus).

A cor da plumagem varia muito entre escuro e claro, mesmo quase branco em paises como Alemanha e Suécia (Assírio & Alvim, 2012) e não existe dimorfismo sexual. O adulto tem geralmente o dorso e o peito castanho, manchado de amarelo esbranquiçado na parte superior. O peito dos juvenis é mais claro, com listras (verde na fotografía). Quando em voo, sobressaem as manchas claras nas partes inferiores das asas e as orlas escuras, os adultos tenhem uma barra negra na orla da cauda e os juvenis não (vermelho). Também tenhem uma típica banda clara a meio da asa em todas as idades (amarelo).

Fonte: www.avibirds.com

Espécie com ampla distribuição euro-asiática, relativamente comun e em conjunto a rapina mais numerosa de Europa (Assírio & Alvim, 2012). Pode ser encontrada desde os Açores (subespécie B. b. rothschildi) até o Japão. Estima-se um efetivo populacional entre 2,170,000 - 3,690,000 adultos (Birdlife, 2016) e o seu estado de conservação e Pouco Preocupante (Least Concern). Ocorre nas Ilhas da Madeira e Porto Santo e apresenta uma distribuição dispersa. Até 1996 esta ave nidificava nas Ilhas Desertas mas a realização do projecto de "Recuperação dos Habitats Terrestres da Deserta Grande" que visava a eliminação dos herbívoros, levou que os poucos casais existentes abandonassem esta área. Estima-se que exista uma população superior aos 2.500 indivíduos, que ocorrem fundamentalmente na Ilha da Madeira (Atlas das Aves do Arquipélago de Madeira). Em 2006 a SPEA iniciou um censo anual dirigido para esta subespécie endémica ao longo das Ilhas da Madeira e Porto Santo e forom registradas um total de 911 mantas até o 2015 (SPEA). Este censo permitiu estimar uma população de 300 aves, para ambas as ilhas. Contudo, supõe-se que este número esteja bastante subestimado.

Uma das principais ameaças para esta espécie é a tradicional e intensa perseguição humana (e.g. caçadores e criadores de aves domésticas, pilhagem de ninhos). Actualmente existe uma maior consciencialização dos efeitos positivos que esta ave pode ser sobre os ecossistemas. Outras ameaças são o uso de herbicidas, a electrocussão com linhas eléctricas, incêndios forestais e atropelamentos (Tapia, 2016).

Ocorre num vasto leque de habitats, como zonas florestais indígenas e exóticas, zonas com pouca vegetação ou com vegetação rasteira, áreas agricolas e zonas sub-urbanas. Também em pântanos. É frequentemente observada no alto de postes ou de árvores, que utiliza como postos de vigia. Nidifica em árvores altas nas florestas ou nos bosques, nas montanhas e em escarpas rochosas. Muitas vezes podem utilizar em anos consecutivos. A postura é normalmente de 2 a 5 ovos e a incubação demora 33 a 38 dias. As crias saem do ninho aos 48-62 dias e tornam-se independentes às 15 semanas. É neste período que se começam a afastar do território dos progenitores (Tapia, 2016).

Alimenta-se fundamentalmente de micromamíferos como roedores, coelhos e até mesmo de mamíferos maiores que se encontrem doentes ou que tenham sido mortos por outros predadores. Pode também ingerir insectos, répteis e aves de pequeno tamanho.

Caça em campo aberto, utilizando a técnica da emboscada. Espera, pacientemente, em cima de um ramo de árvore, que a sua presa apareça. Também procura presas em voo sobre terrenos abertos, planando em círculos e deixa o corpo cair para chegar à presa e apanhá-la.

Bibliografía:

- Atlas das Aves do Arquipélago de Madeira. Consultado em http://www.atlasdasaves.netmadeira.com/ no 05/08/2016.

- BirdLife International (2016) Species factsheet: Butteo butteo. Downloaded from http://www.birdlife.org on 05/08/2016.

-Tapia, L. (2016). Busardo ratonero – Buteo buteo. En: Enciclopedia Virtual de los Vertebrados Españoles. Salvador, A., Morales, M. B. (Eds.). Museo Nacional de Ciencias Naturales, Madrid. http://www.vertebradosibericos.org/

-Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA). Consultado em http://www.spea.pt/pt/estudo-e-conservacao/censos/censo-de-milhafres-mantas/ no 05/08/2016.

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Common buzzard

The common buzzard (Buteo buteo harterti) is the biggest raptor in Madeira with a length ranging from 45 - 50 cm and 130 cm wingspan.

It is a compacto bird of prey with long, rounded wings, short neck, belonging to Accipitriformes order and Accipitridae family. Buzzards are medium-sized raptors and often soar in circles at high altitude using the streams of hot air. Other species of buzzards are long-legged buzzard (Buteo Rufinus) in Africa or the rough-legged buzzard (Buteo lagopus) in Northern Europe.

The plumage varies between dark and light, almost white in countries such as Germany and Sweden (Assírio & Alvim, 2012) and there is no sexual dimorphism. The adult usually has brown back and chest, which is streaked with yellow-white at the top. The juveniles have a clearer chest (marked as green in the photograph). While flying, there are several light spots in the lower part of the wings, adults have a black stripe at the tail edge and juveniles have not (red). Both age classes have a clear band in the middle of the wing (yellow).

Its range covers most of Europe and extends into Asia, being the most common bird of prey in Europe (Assyrian & Alvim, 2012). It is found from the Azores (subspecies B. b. Rothschildi) to Japan. There is an estimated effective population between 2,170,000-3,690,000 adults (Birdlife, 2016) and its state of conservation is Least Concern. It occurs on the islands of Madeira and Porto Santo and has a scattered distribution. It is estimated a population of 2,500 individuals, which mainly occur on the island of Madeira (Atlas das Aves do Arquipélago de Madeira). In 2006 SPEA started an annual census directed to this endemic subspecies along the islands of Madeira and Porto Santo and has been recorded a total of 911 individuals until 2015. This allowed us to estimate a population of 300 birds, for both islands. However, it is assumed that this number is quite underrated.

One of the main threats to this species is the traditional and intense human persecution (such as hunters or robbery of eggs). There is now a greater awareness of the positive impact that this bird has on ecosystems. Other threats are the use of herbicides, electrocution with power lines, forestry fires and roadkill (Tapia, 2016).

It occurs in a wide range of habitats, such as indigenous and exotic forest areas, also with little vegetation or agricultural fields. It is often observed at the top of poles or trees, which are used as lookout posts. It nests in tall trees in the forests or in the woods, in the mountains and rocky escarpments. Those nests can often be used in consecutive years. Normally from 2 to 5 eggs every year and incubation takes 33 to 38 days. The chicks leave the nest after 48-62 days and become independent at 15 weeks. In this period they begin to become independent from the territory of the parents (Tapia, 2016).

It feeds fundamentally on micromammals as rodents, rabbits and even larger mammals which are ill or have been killed by predators. Also insects, reptiles and small birds may be included in the diet.

Common buzzard also hunts waiting patiently for preys on a tree branch. Also looking for prey soaring over open terrain.