terça-feira, 30 de agosto de 2016

Gaivotas da Madeira

Dentro de todas as aves marinhas que descrevemos na semana anterior, a mais conhecida de todas é a gaivota de patas amarelas. Não só podemos encontrar em habitats  marinhos, como também frequenta outros biótopos, geralmente no litoral, como praias, portos de pesca, campos agrícolas, zonas urbanas, salinas e aterros sanitários.
Aqui na Madeira, justo no porto de Funchal poderemos encontrar todos os dias uma grande quantidade delas. E por isso que vamos a começar a falar delas.


Primeiro cabe dizer que no Arquipélago da Madeira, podemos chegar a ver até 8 especies de gaivotas seguindo a Checklist da Madeira 2010, mas sendo 6 de elas muito ocasionais.






Como se pode olhar na tabela, só a gaivota de patas amarelas é muito comum na Madeira, mas sobretudo é a única que tem nidificação confirmada. Por outro lado temos a gaivota de asa escura, que em termos de abundancia é frequente, mas não temos nidificação confirmada da especie. No Atlas das Aves do Arquipélago da Madeira(2009), informa da uma possível nidificação na costa norte. Um dos problemas que há é que os indivíduos das gaivota de patas amarelas podem facilmente ser confundidos com gaivotas de asa escura. Pelo que dificulta o trabalho.


Entre as outras especies de gaivotas, se poderia citar o Guincho (Larus ridibundus), que subretudo se trata de uma gaivota que acostuma olhar-se com mais facilidade na ilha de Porto Santo. Como curiosidade, na esta ilha do Porto Santo há a Ponta e o Pico do Ninho do Guincho (215m) ficam situados na parte Nordeste da ilha de Porto Santo e a sua designação poderá ter origem na observação no local, desta espécie migradora ocasional.







Existem outros exemplos de gaivotas podem ser avistadas na Madeira, mas são muito raras.
Na continuação seguem algumas fotos que foram feitas no cais do Funchal, das outras especies que podem ocorrer na Madeira.
(Fotos: http://madeira.seawatching.net/)



Gaivota-de-cabeça-preta (Larus melanocephalus)
Visitante de inverno escasso


Gaivota-risonha (Larus atricilla)
Visitante raro


Gaivota-parda  (Larus canus)
Visitante raro no final do outono e inverno


Gaivota-polar (Larus glaucoides)
Visitante raro

Gaivota-hiperbórea (Larus hyperboreus)
Visitante raro


Gaivota de patas amarelas


Morfologia


Esta é uma ave de grande porte, apresentando uma envergadura de asas que varia entre os 138 e os 155 cm e pode atingir, aproximadamente, os 68 cm de comprimento. O corpo é na sua maioria branco, apresentando o dorso e as asas com uma tonalidade cinzenta, contrastando com as extremidades pretas com manchas brancas das asas.
Apresenta um bico forte e amarelo, com a ponta caracteristicamente vermelha. As suas patas são amarelas, atribuindo o nome comum á espécie, assim como os olhos, que apresentam ainda um anel orbital alaranjado. Os indivíduos desta espécie podem facilmente ser confundidos com outras espécies de gaivotas como é o caso da Gaivota de asa escura




Não existem diferenças morfológicas acentuadas entre os sexos desta espécie, os machos são apenas ligeiramente maiores e mais pesados do que as fêmeas, o que pode ser útil para diferenciar os sexos nesta espécie.



Nidificação


No Arquipélago da Madeira nidifica em todas as ilhas (Selvagens, Desertas, Porto Santo, e Madeira). Tive a sorte de poder visitar duas colonias dentro da Ilha da Madeira,  no Ilhéu do Farol e no Ilhéu da Cevada ou Ilhéu Desembarcadouro.


O período reprodutor desta espécie inicia-se em Abril e prolonga-se até meados de Junho. Normalmente as fêmeas produzem entre dois e três ovos e ambos os progenitores participam na incubação, que dura aproximadamente 30 dias.


Comportamento

Esta espécie pode ser considerada sedentária, formando grandes colónias sobretudo aquando da época de reprodução, contudo em alguns casos pode verificar-se alguma dispersão, principalmente em indivíduos imaturos ou em situações em que as fontes de alimento sejam instáveis. Tem preferência por habitats costeiros, contudo graças ao seu carácter oportunista e à sua grande plasticidade adaptativa e competitiva tem a capacidade de colonizar diversos tipos de habitats, tais como habitats estuarinos e corpos de água interiores, pode ainda encontrar-se em meios urbanos, particularmente em cidades litorais.


Quanto á sua ecologia trófica, esta espécie é oportunista por excelência, apresentando um comportamento alimentar totalmente omnívoro, com a capacidade de se alimentar de quase tudo, sempre que tenha a textura e o tamanho apropriado). Estes animais são extremamente versáteis na procura do alimento, o que lhes permite explorar diferentes oportunidades, aumentando assim as fontes de alimento disponíveis.
Como predadores de topo generalistas têm a capacidade de capturar vários tipos de presas, desde peixe junto á costa, como pequenos mamíferos, pequenos répteis, ou outras aves em terra. Habitualmente, nas épocas de reprodução também furtam os ovos de outras aves, ou as crias caso já tenham eclodido. Em Selvagens per exemplo, a população de gaivotas esta sendo estudada, por que pode chegar a ser perigosa para a população do Calcamar.



Em Portugal, o crescimento da população desta espécie deverá ter estado relacionado com a elevada disponibilidade de alimento, obtido facilmente em lixeiras e junto das embarcações e dos portos de pesca. Seu carácter oportunista das gaivotas, na Madeira, tem produzidos alguns incidentes, por exemplo no Aeroporto da Madeira, que se situa na rota que fazem para ir desde as suas colonias até as lixeiras ou o porto do funchal. É por isso que em algumas ocasiões se utilizam as  águias para afastá-las dos portos ou aeroportos.




Identificação das gaivotas
Os adultos são geralmente fáceis de identificar pois cada espécie apresenta uma combinação das partes superiores, padrão da ponta das asas e coloração do bico e das patas, mas aqui na Madeira, as 2 especies da gaivotas que mas fácil podemos encontrar são as gaivota de patas amarelas e as gaivota de asa escura, que não são facies de diferenciar.


A identificação dos imaturos é generalmente mais difícil, uma vez que possuem plumagem parda ou listrada relativamente indistinguível, e que as patas e o bico ainda não adquiriram a coloração de adulto. Embora a grande variedade de plumagens entre os imaturos possa parecer complexa e desencorajadora, a informação que se segue, poderá ser de algum auxílio, nos centraremos em este artigo en tentar identificar os quatro grupos etários das gaivota de patas amarelas.


Uma das cosas que são muito importante em estas é perceber que é o que penas mudan. Na primeira muda, a muda post-juvenil, que ocorre poco tempo depois do primeiro voo, trata-se de uma muda parcial em que  somente as penas da cabeça e do corpo são renovadas, dando origem a plumagem 1º Inv. Todos os anos, apos de seu nascimento, as aves têm uma muda primaveril (muda parcial em que são renovadas as penas da cabeça e o corpo) e uma muda outonal (em que o plumagem é renovada na sua totalidade).




Note-se que as penas das asas e da cauda são conservadas durante o ano inteiro, pelo que no verão tem um aspecto muito desgastado.


Observação de gaivotas

A melhor época para estudar as plumagens das gaivotas é provavelmente no inverno, após da muda outonal completa, altura em que os padrões se apresentam relativamente vívidos.
No porto de Funchal constitui excelente sitio para realizar estas tarefas, acostuma sempre a haver grandes grupos de gaivotas (a gram maioria de gaivotas são patas amarelas, o que facilita las tarefas) mas há muitos outros lugares por toda a ilha.
Em estos lugares tentaremos que centrarmos em um grupo, e tentar identificar os quatro grupos etários das gaivota de patas amarelas, (1º Inv, 2ºInv, 3ºInv, e adulto Inv).


Na primavera se pode observar a evolução da muda primaveril nos adultos (perda progressiva  das listras da cabeça até ficar toda branca na gaivota de patas amarelas, por exemplo) e sendo relativamente fácil, encontrar penas no área do porto do Funchal, correspondentes com a muda.
Agora no verão e até outubro se poderá verificar como o padrão das assas dos imaturos se torna, por vezes, bastante desgastado e esbatido.

Tenha sempre em mente que a identificação ou determinação de idade de algumas gaivotas, especialmente imaturos de especies como a gaivota de patas amarelas (com quatro grupos etários), pode ser problemática, mesmo para os observadores experientes.


Tratando-se de aves comuns e de grande dimensão, que aceitam a proximidade de humanos, a observação de gaivotas constitui um exercício excelente para o estudo da muda e evolução das plumagens de imaturos.  Há que pensar que todo o tempo que dispender a observá-las não será em vão, já que os conhecimentos assim adquiridos têm aplicação não apenas no estudo das gaivotas, mas também no de muitas outras aves.
Tratando-se assim de um exercício ótimo, para melhorar nostras habilidades, para ver os câmbios no cor de os olhos, coberturas, etc


Embora a grande variedade de plumagens entre os imaturos possa parecer complexa e desencorajadora, a informação que se segue, poderá ser de algum auxílio, nos centraremos em este artigo en tentar identificar os quatro grupos etários das gaivota de patas amarelas.




Para isto, depararemos em o cor do olho, pico, pinta no pico, pintas brancas, escapulares, etc, se há tentado fazer um esquema para poder entender com maior facilidade.




Realmente há muitas mas detalhes que podem ser interesantes, tipo cor da cabezá, estriado do pescoço, “janela” nas asas, mas isto não pretende ser uma tabela para a identificação exacta dos grupos etários, si não mas bem, uma guia de en que temos que reparar cuando olhamos as gaivotas.


(Fotos: http://madeira.seawatching.net/)


Adulto /Puerto Funchal

3º Inverno/Puerto Funchal


3º Verão/Puerto Funchal


3º Verão/Puerto Funchal


2º Verão/Puerto Funchal
1º Verão/Puerto Funchal
Juvenil/Puerto Funchal
Juvenil/Puerto Funchal



Como curiosidade, há alguns autores que afirmam que a população de gaivotas atualmente é uma população relicta do que possa ter sido no passado. As aves marinhas tipicamente oceânicas, como a família dos petréis, apesar de colocarem um único ovo por temporada, podem chegar a alcançar centenas de milhares de indivíduos, reproduzindo-se em ilhas tipicamente livres de predadores. Gaivotas geralmente não são aves tipicamente oceânicas (não foram encontrados fósseis de gaivotas sobre as principais ilhas do Mediterrâneo, por exemplo), mas sim costeiras. Têm taxas de multiplicação consideráveis devido ao número de ovos postos por ninhada e a enorme capacidade de substituição de ovos perdidos (o que torna tecnicamente os denominados "spawners indeterminados").
Portanto, no passado, sem controle da espécie humana, eles tinham que ter colónias cujo tamanho ultrapassa a nossa imaginação. Especialmente se tentarmos imaginar hoje, neste mundo superpopulado e transformado à nossa acomodação, onde quase toda a população animal é relicta.



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